8 de janeiro de 2013

Criador dos offshores do BCP nas ilhas Caimão é o novo supervisor da Bolsa


Portugal - Esquerda - Miguel Namorado Rosa admitiu ter criado 5 das 17 offshores que levaram a CMVM a condenar sete antigos administradores do banco por prestação de informação falsa ao mercado. Desde esta segunda-feira, é o diretor do departamento de supervisão da CMVM. 

Miguel Namorado Rosa, que não foi constituído arguido nos três processos que envolvem estas offshores do BCP, foi ouvido no Banco de Portugal, CMVM e Polícia Judiciária para esclarecer a operação em que os banqueiros criavam offshores para pedir empréstimos com que adquiriam ações do próprio banco nos aumentos de capital desde 2000 e cujas perdas ascenderam a mais de 600 milhões de euros, que os banqueiros tentaram ocultar. A operação ocorreu durante a administração de Jardim Gonçalves e estas offshores chegaram a deter 5% do capital do banco. Para além do fundador do banco, foram também acusados e condenados pela CMVM os ex-administradores Paulo Teixeira Pinto, Christopher de Beck, Filipe Pinhal, António Rodrigues, Alípio Dias e António Castro Henriques, bem como os diretores Luís Gomes e Miguel Magalhães Duarte. 

Todos recorreram das sentenças - multas entre 200 mil e um milhão de euros - e esta segunda-feira foi o último dia do julgamento do recurso e sem dúvida o mais surpreendente. O depoimento de Miguel Magalhães Duarte "deixou a audiência de boca aberta", relata o Diário Económico, ao revelar ao juiz que Miguel Namorado Rosa, que assumira a criação de 5 das 17 offshores suspeitas, acabara de tomar posse enquanto diretor do departamento de supervisão da Comissão de Mercado e Valores Mobiliários (CMVM), justamente o organismo de regulação que acusa os ex-banqueiros.

Namorado Rosa exercia funções no antigo BPA quando constituiu as cinco offshores nas ilhas Caimão, a pedido do administrador Pedro Líbano Monteiro. E a sua ascensão ao cargo de diretor da supervisão da CMVM serviu de argumento para Magalhães Duarte - que tenta escapar ao pagamento de 75 mil euros de coima a que foi condenado - defender em tribunal que "isto é a prova que a CMVM não acredita na acusação que nos estão a imputar".

Contactada pelo Correio da Manhã, a CMVM admite a contratação de Miguel Namorado Rosa, sublinhando que ele "não é arguido em nenum dos processos" e tem "uma experiência vastíssima na área dos mercados financeiros". A sentença do julgamento que contesta as coimas aplicadas aos banqueiros está marcada para o próximo dia 18 de janeiro.

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