28 de julho de 2010

Janela sobre as ditaduras invisíveis

A mãe abnegada exerce a ditadura da obrigação
O amigo solícito exerce a ditadura do favor
A caridade exerce a ditadura da divida
A liberdade de mercado permite-te aceitar os preços que te impõem
A liberdade de opinião permite-te escutar os que opinam em teu nome
A liberdade de eleição permite-te escolher o molho, com que vais ser comido

Eduardo Galeano

18 de julho de 2010

Um dia, mais tarde ou mais cedo, vai saber-se que a crise actual foi decidida num dos muitos centros de poder oculto espalhados pelo mundo.


Um dia, alguém tem acesso a documentos de uma reunião de um clube privado tipo Bilderberg, a uma inconfidência por parte de uma fonte género Trilateral, a uma acta redigida e assinada por mãos invisíveis, e lá virá a lume a criação e implantação de uma estratégia da crise para acabar de vez com os direitos conquistados pelos assalariados desde a revolução industrial, para exterminar os direitos humanos de cariz social.

Porque quanto a esta crise as informações mais recentes revelam que a par da extinção de milhões de empregos e postos de trabalho, do aumento brutal do desemprego e da precariedade, do congelamento ou mesmo da redução de salários e pensões, do extermínio de subsídios sociais, do empobrecimento geral das classes média e média baixa, a par de toda esta desolação que se abateu sobre o mundo, "o que os mercados e a economia destruíram em 2008 foi reconstruído em 2009". E assim, nos termos do relatório mundial de riqueza, elaborado pelo Merrill Lynch e pela Capgemini, não só passou a haver mais ricos no mundo, como as fortunas dos mais ricos dispararam em plena crise. E desse modo, o número de particulares com grandes fortunas aumentou 17,1%, para dez milhões de pessoas, em 2009 face ao ano anterior. E a riqueza das dez milhões de pessoas com mais de um milhão de dólares para investir subiu 18,9% para os 39 biliões de dólares em 2009.

Um dia, mais cedo ou mais tarde, alguém vai desvendar o mistério. Resta saber se a descoberta ainda virá a tempo da época da liberdade de expressão e de imprensa, ou se esse tipo de direitos também já terá sido arrastado na enxurrada da "mudança dos tempos".

joaopaulo.guerra@economico.pt



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Cartoon


Estado da Nação

"Num momento em que se avolumam os perigos e se compromete o futuro do pais, nos reafirmamos que há outras soluções e um outro caminho capaz de relançar o país na direcção do desenvolvimento económico e social."

Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP

13 de julho de 2010

Imagem do contribuinte em 2013



Não interessa o quanto o fisco te tenha depenado...
Importante é andar sempre de cabeça erguida!!!

TESO MAS GARBOSO!!!

Quem ficou com o troco?


A Besta Ferida


“A confissão pelo mais alto responsável militar de que a guerra da NATO no Afeganistão [general Stanley Mcchystal] é um crime monstruoso contra a população civil não foi considerado tema noticioso.” É com «critérios noticiosos» como este da imprensa de referência mundial que o imperialismo modela a consciência social das populações.

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7 de julho de 2010

A crise tem causas e responsáveis

Muito se fala de crise. Não se fala, porém, das suas causas e dos responsáveis. Os trabalhadores que sempre lutaram contra a destruição do aparelho produtivo (indústria, agricultura, pesca), porque conheciam as consequências que adviriam para todos os sectores da vida nacional, entre os quais naturalmente o de seguros, são agora responsabilizados para fazerem sacrifícios, reduzirem os salários e pensões, os subsídios sociais, pagarem novos impostos. Culpa-se a crise em abstracto. Mas quem a provocou? Quem continua a ganhar rios de dinheiro, apesar da crise?

Quem beneficiou com as privatizações, por exemplo da PT de que agora muito se fala? A União Europeia não impede que os países tenham empresas nacionalizadas. Porque reconheceu o primeiro-ministro que a entrega dos sectores estratégicos faz parte da política neoliberal e se propõe privatizar no PEC tudo o que resta?

Por outro lado, a retórica contra o sector público não visa senão criar condições para a sua entrega aos privados, degradar os serviços existentes e aumentar o custo da prestação dos serviços.

No que à saúde diz respeito, por exemplo, alguém acredita haver muitos cidadãos interessados em recorrer aos hospitais privados se a assistência nos hospitais públicos e centros de saúde não tivesse sido degradada? E alguém acredita que há no nosso país tantas pessoas com posses suficientes para alimentar, directamente ou através de seguros de saúde, tantos hospitais privados? A construção dos hospitais foi feita com garantias de que se provocaria, pela degradação, a transferência do público para o privado; o estado, além disso, encarregou-se, com custos suportados por nós todos através do Orçamento, de facilitar o encaminhamento de muitos casos para esses hospitais.

Outro exemplo bastante ilustrativo é o dos transportes ferroviários que estão a ser alvo da gula dos privados, com o objectivo de se apoderarem da parte lucrativa sobrando para o estado o prejuízo.

Vejamos o caso concreto da Fertágus:

1) A infraestrutura foi paga pelo Estado (desde a linha férrea e estações até à própria ponte). Os comboios foram comprados pelo Estado e depois “alugados” à Fertágus.

2) A Fertágus “ganhou” a concessão num concurso em que a CP, empresa pública, foi proibida, pelo próprio Estado, de concorrer.

3) O Estado garante à Fertagus escandalosas compensações financeiras – 168 milhões de euros em apena 5 anos!

4) A Fértagus explora a linha com preços que são o dobro dos da CP e não está integrada na Rede do Passe Social.

5) A Fertágus paga aos seus trabalhadores muito abaixo dos valores pagos pela CP, usa e abusa da sub-contratação, da precariedade, nega o direito à contratação colectiva.

Comparação Preços Públicos e Privado para a mesma distância

CP

Fertágus

Bilhete Coina - Lisboa e Sintra - Lisboa (mesma distância)

€ 1,70

€ 2,95

Passe Mensal (mesma distância)

€ 35,45

€ 66,25

Não se ultrapassa a actual situação sem a dinamização da economia. O aumento dos salários e pensões são a condição primeira para o aumento do consumo interno. O sector público deverá ser aproveitado e não entregá-lo aos privados. Por outro lado, os responsáveis pela crise não poderão ficar imunes e continuar a beneficiar de uma política contrária aos interesses dos trabgalhadores.