31 de dezembro de 2011

Mais uma da história dos alemães. Eles nunca deixaram de ser isto!

Na Ucrânia, os jogadores do FC Start (nome clandestino do Dínamo de Kiev), hoje, são heróis da Pátria e o seu exemplo de coragem é ensinado nos colégios. Os possuidores de entradas daquela fatídica partida têm direito a assento gratuito no estádio do Dínamo de Kiev

A história do futebol mundial inclui milhares de episódios emocionantes e comoventes, mas seguramente nenhum seja tão terrível como o protagonizado pelos jogadores do Dinamo de Kiev nos anos 40.

Os jogadores jogaram uma partida sabendo que se ganhassem seriam assassinados e, no entanto, decidiram ganhar. Na morte deram uma lição de coragem, de vida e honra, que não encontra, pelo seu dramatismo, outro caso similar no mundo.

Para compreender a sua decisão, é necessário conhecer como chegaram a jogar aquela decisiva partida, e porque um simples encontro de futebol apresentou para eles o momento crucial das suas vidas.



Tudo começou em 19 de Setembro de 1941, quando a cidade de Kiev (hoje capital ucraniana) foi ocupada pelo exército nazista, e os homens de Hitler aplicaram um regime de castigo impiedoso e arrasaram tudo.

A cidade converteu-se num inferno controlado pelos nazistas, e durante os meses seguintes chegaram centenas de prisioneiros de guerra, que não tinham permissão para trabalhar nem viver nas casas, assim todos vagavam pelas ruas na mais absoluta indigência. Entre aqueles soldados doentes e desnutridos, estava Nikolai Trusevich, que tinha sido guarda-redes do Dínamo.

Josef Kordik, um padeiro alemão a quem os nazistas não perseguiam, precisamente pela sua origem, era torcedor fanático do Dinamo. Um dia caminhava pela rua quando, surpreso, olhou para um mendigo e de imediato se deu conta de que era o seu ídolo: o gigante Trusevich.

Ainda que fosse ilegal, mediante artimanhas, o comerciante alemão enganou aos nazistas e contratou o guarda redes para que trabalhasse na sua padaria. A sua ânsia por ajudá-lo foi valorizado pelo jogador, que agradecia a possibilidade de se alimentar e dormir debaixo de um tecto. Ao mesmo tempo, Kordik emocionava-se por ter feito amizade com a estrela da sua equipa.

Na convivência, as conversas sempre giravam em torno do futebol e do Dinamo, até que o padeiro teve uma ideia genial: encomendou a Trusevich que em lugar de trabalhar como ele, amassando pães, se dedicasse a buscar o resto dos seus colegas. Não só continuaria pagando-lhe, como juntos podiam salvar os outros jogadores.

Percorreu o que restara da cidade devastada dia e noite, e entre feridos e mendigos foi descobrindo, um a um, os seus amigos do Dinamo. Kordik deu trabalho a todos, esforçando-se para que ninguém descobrisse a manobra. Trusevich encontrou também alguns rivais do campeonato russo, três jogadores da Lokomotiv, e também os resgatou. Em poucas semanas, a padaria escondia entre os seus empregados uma equipa completa.

Reunidos pelo padeiro, os jogadores não demoraram em dar o seguinte passo, e decidiram, alentados pelo seu protector, voltar a jogar. Era, além de escapar dos nazistas, a única que bem sabiam fazer. Muitos tinham perdido as suas famílias nas mãos do exército de Hitler, e o futebol era a última sombra mantida das suas vidas anteriores.

Como o Dinamo estava enclausurado e proibido, deram um novo nome para aquela equipa. Assim nasceu o FC Start, que através de contactos alemães começou a desafiar a equipas de soldados inimigos e selecções formadas no III Reich.

Em 7 de Junho de 1942, jogaram a sua primeira partida. Apesar de estarem famintos e cansados por terem trabalhado toda a noite, venceram por 7 a 2. O seu rival seguinte foi a equipa de uma guarnição húngara, ganharam de 6 a 2. Depois meteram 11 golos a uma equipa romena.

A coisa ficou séria quando em 17 de Julho enfrentaram uma equipa do exército alemão e golearam por 6 a 2. Muitos nazistas começaram a ficar chateados pela crescente fama do grupo de empregados da padaria e buscaram uma equipa melhor para ganhar a eles. Trouxeram da Hungria o MSG com a missão de derrotá-los, mas o FC Start goleou mais uma vez por 5 a 1, e mais tarde, ganhou de 3 a 2 na revanche.

Em 6 de Agosto, convencidos da sua superioridade, os alemães prepararam uma equipa com membros da Luftwaffe, o Flakelf, que era uma grande equipa, utilizado como instrumento de propaganda de Hitler.

Os nazistas tinham resolvido buscar o melhor rival possível para acabar com o FC Start, que já gozava de enorme popularidade entre o sofrido povo refém dos nazistas. A surpresa foi grande, porque apesar da violência e falta de desportivismo dos alemães, o Start venceu por 5 a 1.

Depois desta escandalosa queda da equipa de Hitler, os alemães descobriram a manobra do padeiro. Assim, de Berlim chegou uma ordem de acabar com todos eles, inclusive com o padeiro, mas os hierarcas nazistas locais não se contentaram com isso. Não queriam que a última imagem dos russos fosse uma vitória, porque acreditavam que se fossem simplesmente assassinados não fariam nada mais que perpetuar a derrota alemã.

A superioridade da raça ariana, em particular no desporto, era uma obsessão para Hitler e os altos comandos. Por essa razão, antes de fuzilá-los, queriam derrotar a equipa num jogo.

Com um clima tremendo de pressão e ameaças por todas as partes, anunciou-se a revanche para 9 de Agosto, no repleto estádio Zenit. Antes do jogo, um oficial da SS entrou no vestiário e disse em russo: -"Vou ser o juiz do jogo, respeitem as regras e saúdem com o braço levantado", exigindo que eles fizessem a saudação nazista.

Já no campo, os jogadores do Start (camisa vermelha e calção branco) levantaram o braço, mas no momento da saudação, levaram a mão ao peito e no lugar de dizer: -"Heil Hitler !", gritaram - "Fizculthura !", uma expressão soviética que proclamava a cultura física.


Os alemães (camisa branca e calção negro) marcaram o primeiro golo, mas o Start chegou ao intervalo ganhando por 2 a 1.

Receberam novas visitas ao vestiário, desta vez com armas e advertências claras e concretas:


-"Se vocês ganharem, não sai ninguém vivo". Ameaçou um outro oficial da SS. Os jogadores ficaram com muito medo e até propuseram-se a não voltar para o segundo tempo. Mas pensaram nas suas famílias, nos crimes que foram cometidos, na gente sofrida que nas arquibancadas gritavam dese speradamente por eles e decidiram, sim, jogar.

Deram um verdadeiro baile nos nazistas. E no final da partida, quando ganhavam por 5 a 3, o atacante Klimenko ficou cara a cara com o arqueiro alemão. Deu-lhe um drible deixando o coitado estatelado no chão e ao ficar em frente a trave, quando todos esperavam o golo, deu meia volta e chutou a bola para o centro do campo. Foi um gesto de desprezo, de deboche, de superioridade total. O estádio veio abaixo.

Como toda Kiev poderia a vir falar da façanha, os nazistas deixaram que saíssem do campo como se nada tivesse ocorrido. Inclusive o Start jogou dias depois e goleou o Rukh por 8 a 0. Mas o final já estava traçado: depois desta última partida, a Gestapo visitou a padaria.

O primeiro a morrer torturado em frente a todos os outros foi Kordik, o padeiro. Os demais presos foram enviados para os campos de concentração de Siretz. Ali mataram brutalmente a Kuzmenko, Klimenko e o Trusevich, que morreu vestido com a camiseta do FC Start. Goncharenko e Sviridovsky, que não estavam na padaria naquele dia, foram os únicos que sobreviveram, escondidos, até a libertação de Kiev em Novembro de 1943. O resto da equipa foi torturado até a morte.

Ainda hoje, os possuidores de entradas daquela partida têm direito a um assento gratuito no estádio do Dinamo de Kiev. Nas escadarias do clube, custodiado em forma permanente, conserva-se actualmente um monumento que saúda e recorda aqueles heróis do FC Start, os indomáveis prisioneiros de guerra do Exército Vermelho aos quais ninguém pôde derrotar durante uma dezena de históricas partidas, entre 1941 e 1942.

Foram todos mortos entre torturas e fuzilamentos, mas há uma lembrança, uma fotografia que, para os torcedores do Dinamo, vale mais que todas as jóias em conjunto do Kremlin. Ali figuram os nomes dos jogadores. Abaixo a única foto que se conserva da heróica equipa do Dinamo e o nome dos seus jogadores. Goncharenko e Sviridovsky, os únicos sobreviventes, junto ao monumento que recorda os seus colegas.


Na Ucrânia, os jogadores do FC Start hoje são heróis da pátria e o seu exemplo de coragem é ensinado nos colégios.

No estádio Zenit uma placa diz "Aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista".


23 de dezembro de 2011

Catavento | Agenda de Acontecimentos do Concelho de Palmela | 26 a 31 Dezembro 2011

Catavento | Agenda de Acontecimentos do Concelho de Palmela | 26 a 31 Dezembro 2011

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26 de novembro de 2011

Crise terminal do capitalismo?


Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo. A capacidade de o capitalismo adaptar-se a qualquer circunstância chegou ao fim.

Por Leonardo Boff

Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários países europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhóis gritam: “não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumossacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da superexploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.

http://www.fatoexpresso.com.br/

19 de novembro de 2011

Vamos Fazer Dinheiro - Let's Make Money (2008)



(Alemanha, 2008, 108min. - Direção: Erwin Wagenhofer)

Documentário de altíssimo nível, essencial para se entender o mundo em que vivemos pela ótica financeira internacional. Dos mesmos criadores do documentário "We Feed the World".

Apesar de todo o velho discurso feito pelos neoliberais de que a globalização traria benefícios para todos os países ajudando a diminuir a pobreza no 3° Mundo, o que viu-se de fato foi em geral aumento desenfreado da miséria, onde o salário de um indivíduo geralmente mal cobre uma pobre subsistência.

O documentário mostra as chamadas “economias emergentes” por dentro, na visão de grandes investidores, bem como o cotidiano miserável dos homens, mulheres e crianças trabalhadoras nesses países.

Mostra também as idéias do Consenso de Washington, responsável pelas políticas liberais que moldaram nosso mundo econômico atual, assim como os mecanismos de colonização moderna como o FMI e Banco Mundial, perpetuando a injusta dívida dos países mais pobres em troca de suas riquezas. Explica o que são os paraísos fiscais, por onde passa a maioria do capital financeiro para encobrir os donos corruptos.

John Perkins, antigo assassino de economias, que também já apareceu aqui no documentário “The War on Democracy”, explica detalhadamente como era o seu ofício de levar as riquezas de países de 3° Mundo, sob a supervisão das instituições internacionais.

Passa ainda pela miséria que aflora nos EUA e pelas raízes da crise econômica espanhola causada pela bolha imobiliária.

“Na privatização, a sociedade é privada de um determinado bem ou serviço público no qual um investidor está interessado por razões de lucro.”

http://docverdade.blogspot.com/2010/08/vamos-fazer-dinheiro-lets-make-money.html

Falsa democracia...

17 de novembro de 2011

Aluno do vídeo dos 'universitários ignorantes' ameaça processar a Sábado



É um sucesso na internet, mas um dos alunos visados no vídeo 'A ignorância dos nossos universitários' acusa a revista Sábado de manipulação e ameaça com acção legal.

Qual é a capital dos Estados Unidos? «Inglaterra», responde uma aluna universitária inquirida pela revista Sábado num vídeo que faz sucesso na internet. Quem escreveu O Evangelho Segundo Jesus Cristo? «Moisés», responde outro estudante. Quem pintou o tecto da Capela Sistina? «Miguel Arcanjo», respondeu João Ladeiras.

Agora, dezenas de milhares de visualizações e centenas de comentários jocosos depois, João veio explicar a gafe e condenar a jornalista autora do vídeo do momento.

«A verdade é que me fizeram dez perguntas e só mostraram a que eu errei que, como podem comprovar os que se encontravam presentes, acabei por corrigir e responder, então, Miguel Ângelo. Em todo o caso, a minha resposta deveu-se ao simples facto de ter frequentado o Externato São Miguel Arcanjo e, ao mesmo tempo, com a pressão da própria entrevista, dei essa mesma gafe - corrigindo-a assim que [me] apercebi», escreve João numa nota no Facebook.

«Para além de ter sido humilhado como nunca tinha sido até à data, ficou em causa o bom nome da instituição que eu frequento, o ISPA [...]. Acabei por ser vilipendiado em praça pública, sentindo-me completamente desolado», acrescenta o estudante.

Após a publicação do vídeo, que complementa uma reportagem da edição impressa da Sábado sobre o nível de cultura geral dos jovens portugueses, João terá tentado contactar por duas a jornalista daquela publicação, em vão. No Facebook, partilha uma das mensagens enviadas: «'A ignorância dos nossos universitários', se se sentir bem com o trabalho que realizou, digo-lhe, com tristeza, que você e os restantes colegas são ignóbeis. Vou ainda dirigir-me às autoridades competentes para apresentar uma queixa formal sobre o uso indevido da minha entrevista, sabendo você qual a razão dessa mesma denúncia/queixa».

Na sua edição online, a Sábado esclarece que o vídeo resultou de um teste de 20 perguntas, divididas por dois questionários de dificuldade mínima, realizado junto de uma centena de alunos de várias universidades de Lisboa.

Questões como «Quem é Manoel de Oliveira?», «Qual é a capital de Itália?» ou «Qual o maior mamífero do mundo?»ficam sem resposta, ou são retribuídas com palpites insólitos - «É um maestro», «Florença» ou «O elefante em África e o mamute na Antárctida», responderam respectivamente alguns dos inquiridos.

É ainda revelado que há quem pense que o símbolo químico da água é «PH», que «Bush» ainda é Presidente dos Estados Unidos, que «Leonardo Di Caprio» pintou a Mona Lisa, que a Comissão Europeia é presidida por «um francês» e que O Padrinho foi protagonizado por... «Vasco Santana».

SOL

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=34082

A guerra pode ter já recomeçado


A inflamada declaração de Angela Merkel, numa entrevista à televisão pública alemã, ARD, em que sugere a perda de soberania para os países incumpridores das metas orçamentais, bem como a revelação sobre o papel da célebre família alemã Quandt, durante o Terceiro Reich, ligam-se, como peças de puzzle, a uma cadeia de coincidências inquietantes. Gunther Quandt foi, nos anos 40, o patriarca de uma família que ainda hoje controla a BMW e gere uma fortuna de 20 mil milhões de euros. Compaghon de route de Hitler, filiado no partido Nazi, relacionado com Joseph Goebbels, Quandt beneficiou, como quase todos os barões da pesada indústria alemã, de mão-de-obra escrava, recrutada entre judeus, polacos, checos, húngaros, russos, mas também franceses e belgas. Depois da guerra, um seu filho, Herbert, também envolvido com Hitler, salvou a BMW da insolvência, tornando-se, no final dos anos 50, uma das grandes figuras do milagre económico alemão. Esta investigação, que iliba a BMW mas não o antigo chefe do clã Quandt, pode ser a abertura de uma verdadeira caixa de Pandora. Afinal, o poderio da indústria alemã assentaria diretamente num sistema bélico baseado na escravatura, na pilhagem e no massacre. E os seus beneficiários nunca teriam sido punidos, nem os seus empórios desmantelados.

As discussões do pós-Guerra, incluíam, para alguns estrategas, a desindustrialização pura e simples da Alemanha - algo que o Plano Marshal, as necessidades da Guerra Fria e os fundadores da Comunidade Económica Europeia evitaram. Assim, o poderio teutónico manteve-se como motor da Europa. Gunther e Herbert Quandt foram protagonistas deste desfecho.

Esta história invoca um romance recente de um jornalista e escritor de origem britânica, a viver na Hungria, intitulado "O protocolo Budapeste". No livro, Adam Lebor ficciona sobre um suposto diretório alemão, que teria como missão restabelecer o domínio da Alemanha, não pela força das armas, mas da economia. Um dos passos fulcrais seria o da criação de uma moeda única que obrigasse os países a submeterem-se a uma ditadura orçamental imposta desde Berlim. O outro, descapitalizar os Estados periféricos, provocar o seu endividamento, atacando-os, depois, pela asfixia dos juros da dívida, de forma a passar a controlar, por preços de saldo, empresas estatais estratégicas, através de privatizações forçadas. Para isso, o diretório faria eleger governos dóceis em toda a Europa, munindo-se de políticos-fantoche em cargos decisivos em Bruxelas - presidência da Comissão e, finalmente, presidência da União Europeia.

Adam Lebor não é português - nem a narração da sua trama se desenvolve cá. Mas os pontos de contacto com a realidade, tão eloquentemente avivada pelas declarações de Merkel, são irresistíveis. Aliás, "não é muito inteligente imaginar que numa casa tão apinhada como a Europa, uma comunidade de povos seja capaz de manter diferentes sistemas legais e diferentes conceitos legais durante muito tempo." Quem disse isto foi Adolf Hitler. A pax germânica seria o destino de "um continente em paz, livre das suas barreiras e obstáculos, onde a história e a geografia se encontram, finalmente, reconciliadas" - palavras de Giscard d'Estaing, redator do projeto de Constituição europeia.

É um facto que a Europa aparenta estar em paz. Mas a guerra pode ter já recomeçado.


Ler mais: http://aeiou.visao.pt/o-quarto-reich=f625730#ixzz1d3a9m03v

GREVE GERAL

15 de novembro de 2011

Agora percebo a crise


E não é que a culpa toda do que se está a passar em Portugal é do corneteiro do D.Afonso Henriques??

Para quem não conhece a história do Corneteiro… aí vai:

Nos idos tempos do D. Afonso Henriques, após o fim de uma batalha, a força ganhadora tinha direito ao saque (s. m. Acto de saquear. Roubo público…).

Pois bem, após uma dessas batalhas, ganha pelo nosso 1º Rei de Portugal, o seu corneteiro lá tocou para dar início ao dito saque, que por direito tinham as suas tropas. Depois ele voltaria a tocar uma 2ª vez a anunciar o fim do período do saque.

Mas… fruto de alguma maleita ou ferimento, o dito corneteiro finou-se antes de tocar para o fim do saque.

Até hoje ninguém voltou a tocar “fim ao saque”… Afinal a culpa é mesmo do Corneteiro. …

10 de novembro de 2011

Foto da semana .....

O triunfo dos porcos (gordos)


Um perfeito imbecil

Miguel Relvas, o verdadeiro primeiro-ministro do governo do senhor Coelho, em entrevista à TVI, deu a entender que o corte dos subsídios de Natal e de férias pode ser estendido ao sector privado e vigorar, não por dois anos, mas para sempre. Adiantou que "muitos países da União Europeia só têm doze vencimentos", e deu como exemplo a Holanda, a Inglaterra e a Noruega.

O senhor Relvas, ou é estúpido, ou quis fazer de nós estúpidos: ganhando 14 meses, o salário mínimo em Portugal rende anualmente 6.790 Euros; ganhando os tais 12 meses, em Inglaterra rende 11.692 Libras (13.296 Euros), e na Holanda 16.783 Euros (fonte: Wikipedia); na Noruega não há salário mínimo, os salários são fixados por negociações entre patrões e sindicatos, mas a remuneração média mínima era em 2010 de 354 mil Coroas, aproximadamente 46.138 Euros (Fonte: Statistisk sentralbyrå).

É de gente deste jaez que o governo da nação é servido. Não sabem do que falam, não sabem do que tratam, mas decidem. Sempre a favor dos negócios que os lá levaram, mesmo que isso signifique deixar os seus concidadãos na maior das misérias.

De alguém que não sei quem...

PIIGS-------CARTAZ EM BERLIM

"SEU" DEUS. QUE RAÇA DE RELIGIÃO É ESTA???


Laurinda, foi durante décadas, ajudante da “irmã” Maria de Oliveira, uma das fundadoras da Casa das Gaiatas em Fátima, dedicada a apoiar as meninas órfãs ou abandonadas.

Logo que as duas freiras fundadoras morreram e a propriedade passou para o santuário de Fátima, contrariando a vontade expressa por elas, que o anexo onde vivia a Laurinda continuasse a servi-lhe de habitação, a administração do santuário moveu-lhe uma acção de despejo.

Segundo a pobre mulher, nem lhe deram tempo secar os olhos pela morte da “irmã” e já o reitor estava a mandar um advogado identifica-la e pouco depois a mandar fechar a água e a electricidade.

Hoje aquela desgraçada já com 80 anos, encontra-se acamada por doença, e com uma “choruda” reforma de 40 euros, vive da solidariedade dos vizinhos.

Um dá-lhe electricidade, outros oferecem-lhe comida e uma carinhosa amiga vai buscar água à fonte, para ela se lavar.

"Talvez" seja exagerar um pouco, mas se calhar não faltará muito para a Reitoria do Santuário lhe dar tratamento semelhanteao que ordena aos seguranças para darem aos cães vadios que aparecem por Fátima, ou seja que os coloquem na caixa que fica nas traseiras do Santuário ao frio, à chuva, ou à chapa do sol, num espaço mínimo, onde a maioria nem se consegue colocar de pé, até que a carrinha da Câmara de Ourem os venha buscar, normalmente muito debilitados, para o abate.

Sabemos que o Santuário de Fátima, tem uma receita descomunal, mas desde 2006 não se sabe exactamente quanto é, pois artificiosamente não prestam contas, desculpando-se que esse aspecto da Concordata, não está regulamentado.

As últimas receitas que deram conhecimento em 2005, foram de mais de 17 milhões de euros, totalmente isentos de impostos..

Já nessa altura tinham gasto 55 milhões na Catedral, certamente para corresponder aos desejos expressos pela “Nossa Senhora” aos pastorinhos “que queria que lhe fizessem uma Capela na Cova da Iria”.

ESTA IMORALIDADE TORNA-SE, ATÉ NO SEU ASPECTO FINANCEIRO, OBSCENA E INACEITÁVEL !!!

Líderes da máxima de Frei Tomás, "Faz o que ele diz...não faças o que ele faz" como é por exemplo, o administrador apostólico da vizinha diocese de Portalegre, que chega ao extremo provocatório nesta altura de exortar “os cristãos a não conciliarem, por vezes com atitudes dúbias ou até de ignorância, o que é inconciliável: Deus e o dinheiro” “O dinheiro deve ser usado para organizar a vida e para ajudar os outros a fazerem o mesmo.”

OS FIÉIS DA IGREJA CATÓLICA QUE TIREM AS SUAS CONCLUSÕES, NUMA ALTURA EM QUE AS DIFICULDADES JÁ ATINGEM DURAMENTE A CLASSE MÉDIA, ACENANDO-LHE NO HORIZONTE COM A POBREZA DE MUITOS MILHÕES DE PORTUGUESES.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/santuario-quer-despejar-idosa

Proposta de Orçamento de estado e o impacto para os enfermeiros

5 de novembro de 2011

A crise explicada com burros...!!!

Já Colbert sabia como era ...


Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault:

Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…

Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado… é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!

Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?

Mazarino: - Criando outros.

Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino: - Sim, é impossível.

Colbert: - E sobre os ricos?

Mazarino: - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: - Então como faremos?

Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!

O processo de privatização do Sector Público de Transportes

«No bolso deles estão os teus sacrifícios» - Tempo de Antena do PCP

1 de novembro de 2011

A TAXA CAMARAE DO PAPA LEÃO X


UM DOS PONTOS CULMINANTES DA CORRUPÇÃO HUMANA

A Taxa Camarae é um tarifário promulgado, em 1517, pelo papa Leão X (1513-1521) destinado a vender indulgências, ou seja, o perdão dos pecados, a todos quantos pudessem pagar umas boas libras ao pontífice. Como veremos na transcrição que se segue, não havia delito, por mais horrível que fosse, que não pudesse ser perdoado a troco de dinheiro. Leão X declarou aberto o céu para todos aqueles, fossem clérigos ou leigos, que tivessem violado crianças e adultos, assassinado uma ou várias pessoas, abortado… desde que se manifestassem generosos com os cofres papais.

Vejamos o seus trinta e cinco artigos:

1. O eclesiástico que cometa o pecado da carne, seja com freiras, seja com primas, sobrinhas ou afilhadas suas, seja, por fim, com outra mulher qualquer, será absolvido, mediante o pagamento de 67 libras, 12 soldos.

2. Se o eclesiástico, além do pecado de fornicação, quiser ser absolvido do pecado contra a natureza ou de bestialidade, deve pagar 219 libras, 15 soldos. Mas se tiver apenas cometido pecado contra a natureza com meninos ou com animais e não com mulheres, somente pagará 131 libras, 15 soldos.

3. O sacerdote que desflorar uma virgem, pagará 2 libras, 8 soldos.

4. A religiosa que quiser alcançar a dignidade de abadessa depois de se ter entregue a um ou mais homens simultânea ou sucessivamente, quer dentro, quer fora do seu convento, pagará 131 libras, 15 soldos.

5. Os sacerdotes que quiserem viver maritalmente com parentes, pagarão 76 libras e 1 soldo.

6. Para todos os pecados de luxúria cometido por um leigo, a absolvição custará 27 libras e 1 soldo; no caso de incesto, acrescentar-se-ão em consciência 4 libras.

7. A mulher adúltera que queira ser absolvida para estar livre de todo e qualquer processo e obter uma ampla dispensa para prosseguir as suas relações ilícitas, pagará ao Papa 87 libras e 3 soldos. Em idêntica situação, o marido pagará a mesma soma; se tiverem cometido incesto com os seus filhos acrescentarão em consciência 6 libras.

8. A absolvição e a certeza de não serem perseguidos por crimes de rapina, roubo ou incêndio, custará aos culpados 131 libras e 7 soldos.

9. A absolvição de um simples assassínio cometido na pessoa de um leigo é fixada em 15 libras, 4 soldos e 3 dinheiros.

10. Se o assassino tiver morto a dois ou mais homens no mesmo dia, pagará como se tivesse apenas assassinado um.

11. O marido que tiver dado maus tratos à sua mulher, pagará aos cofres da chancelaria 3 libras e 4 soldos; se a tiver morto, pagará 17 libras, 15 soldos; se o tiver feito com a intenção de casar com outra, pagará um suplemento de 32 libras e 9 soldos. Se o marido tiver tido ajuda para cometer o crime, cada um dos seus ajudantes será absolvido mediante o pagamento de 2 libras.

12. Quem afogar o seu próprio filho pagará 17 libras e 15 soldos [ou seja, mais duas libras do que por matar um desconhecido (observação do autor do livro)]; caso matem o próprio filho, por mútuo consentimento, o pai e a mãe pagarão 27 libras e 1 soldo pela absolvição.

13. A mulher que destruir o filho que traz nas entranhas, assim como o pai que tiver contribuído para a perpetração do crime, pagarão cada um 17 libras e 15 soldos. Quem facilitar o aborto de uma criatura que não seja seu filho pagará menos 1 libra.

14. Pelo assassinato de um irmão, de uma irmã, de uma mãe ou de um pai, pagar-se-á 17 libras e 5 soldos.

15. Quem matar um bispo ou um prelado de hierarquia superior terá de pagar 131 libras, 14 soldos e y6 dinheiros.

16. O assassino que tiver morto mais de um sacerdote, sem ser de uma só vez, pagará 137 libras e 6 soldos pelo primeiro, e metade pelos restantes.

17. O bispo ou abade que cometa homicídio põe emboscada, por acidente ou por necessidade, terá de pagar, para obter a absolvição, 179 libras e 14 soldos.

18. Quem quiser comprar antecipadamente a absolvição, por todo e qualquer homicídio acidental que venha a cometer no futuro, terá de pagar 168 libras, 15 soldos.

19. O herege que se converta pagará pela sua absolvição 269 libras. O filho de um herege queimado, enforcado ou de qualquer outro modo justiçado, só poderá reabilitar-se mediante o pagamento de 218 libras, 16 soldos, 9 dinheiros.

20. O eclesiástico que, não podendo saldar as suas dívidas, não quiser ver-se processado pelos seus credores, entregará ao pontífice 17 libras, 8 soldos e 6 dinheiros, e a dívida ser-lhe-á perdoada.

21. A licença para instalar pontos de venda de vários géneros, sob o pórtico das igrejas, será concedida mediante o pagamento de 45 libras, 19 soldos e 3 dinheiros.

22. O delito de contrabando e as fraudes relativas aos direitos do príncipe contarão 87 libras e 3 dinheiros.

23. A cidade que quiser obter para os seus habitantes ou para os seus sacerdotes, frades ou monjas autorização de comer carne e lacticínios nas épocas em que está vedado fazê-lo, pagará 781 libras e 10 soldos.

24. O convento que quiser mudar de regra e viver com menos abstinência do que a que estava prescrita, pagará 146 libras e 5 soldos.

25. O frade que para sua maior conveniência, ou gosto, quiser passar a vida numa ermida com uma mulher, entregará ao tesouro pontifício 45 libras e 19 soldos.

26. O apóstata vagabundo que quiser viver sem travas pagará o mesmo montante pela absolvição.

27. O mesmo montante terá de pagar o religioso, regular ou secular, que pretenda viajar vestido de leigo.

28. O filho bastardo de um prior que queira herdar a cura de seu pai, terá de pagar 27 libras e 1 soldo.

29. O bastardo que pretenda receber ordens sacras e usufruir de benefícios pagará 15 libras, 18 soldos e 6 dinheiros.

30. O filho de pais incógnitos que pretenda entrar nas ordens pagará ao tesouro pontifício 27 libras e 1 soldo.

31. Os leigos com defeitos físicos ou disformes, que pretendam receber ordens sacras e usufruir de benefícios pagarão à chancelaria apostólica 58 libras e 2 soldos.

32. Igual soma pagará o cego da vista direita, mas o cego da vista esquerda pagará ao Papa 10 libras e 7 soldos. Os vesgos pagarão 45 libras e 3 soldos.

33. Os eunucos que quiserem entrar nas ordens, pagarão a quantia de 310 libras e 15 soldos.

34. Quem por simonia quiser adquirir um ou mais benefícios deve dirigir-se aos tesoureiros do Papa que lhos venderão por um preço moderado.

35. Quem por ter quebrado um juramento quiser evitar qualquer perseguição e ver-se livre de qualquer marca de infâmia, pagará ao Papa 131 libras e15 soldos. Pagará ainda por cada um dos seus fiadores a quantia de 3 libras.

No entanto, para a historiografia católica, o Papa Leão X, autor de um exemplo de corrupção tão grande como o que acabamos de ler, passa por ser o protagonista da «história do pontificado mais brilhante e talvez o mais perigoso da história da Igreja».

(Fonte: Rodríguez, Pepe (1997). Mentiras fundamentais da Igreja católica.
Terramar – Editores, Distribuidores e Livreiros -
(1.ª edição portuguesa, Terramar, Outubro de 2001 – Anexo, pp. 345-348)

NOTA: Esta é a primeira vez que a Taxa Camarae do papa Leão X aparece na NET em português.

11 de outubro de 2011

A Crise do capitalismo e a perspectiva revolucionária na Hungria


Dr. Gyula THÜRMER,

Presidente do Partido Comunista Operário Húngaro

Tanto na Europa como na Hungria, as forças capitalistas realizam enormes esforços para ocultar o fato de que o capitalismo contemporâneo está em uma profunda crise. Não podem negar a existência de sérios problemas do capitalismo, mas tentam demonstrar que todos esses problemas podem ser solucionados dentro do próprio capitalismo e através de reformas capitalistas. A verdade é que a importante crise interna do capitalismo não pode ser solucionada através de reformas capitalistas tradicionais. Torna-se cada vez mais real a perspectiva revolucionária para solucionar os problemas do capitalismo.

A Hungria é um dos elementos mais frágeis do capitalismo europeu contemporâneo. O capitalismo húngaro está numa profunda crise, independentemente da crise mundial. Mas esta crise está se intensificando em virtude da crise geral do capitalismo. A crise está longe de ser resolvida, e ninguém pode prever suas consequências. Sob essas condições, não só devemos criticar o sistema, mas também devemos, ao mesmo tempo, demonstrar ao povo a possibilidade real de criar um novo mundo. Devemos demonstrar que o socialismo é uma alternativa real ao capitalismo existente.

Isto significa que, na Hungria, o movimento comunista deve entrar numa nova situação, o que representa o surgimento de novas possibilidades e novas tarefas.

A Crise do Capitalismo Húngaro

O capitalismo húngaro está em crise, e a crise geral do capitalismo faz com que a crise húngara seja ainda mais profunda. A crise do capitalismo húngaro contemporâneo pode ser explicada pelos seguintes fatores:

1. A imensa maioria dos setores da economia, tais como a indústria, o sistema financeiro, o comércio e os serviços húngaros foram vendidos para o capital estrangeiro.

A Hungria foi o primeiro país da Europa Central e Oriental a abrir sua economia para investidores estrangeiros em 1989. Conforme as estatísticas da organização da ONU encarregada dos investimentos estrangeiros (UNCTAD), no final dos anos 90 o investimento estrangeiro direto (IED) na Hungria somava 1,7% do PIB. Hoje esta proporção chega a mais de 70%. Na União Européia esta proporção é de apenas de 40,9%, e na Romênia é de 36,7%.

Quase 100% dos bancos pertencem ao capital estrangeiro. 80% da produção industrial procede de companhias multinacionais. A economia húngara depende muito mais do capital estrangeiro que qualquer outro país da Europa. Depois de 2011, existe o perigo real de que a superfície agrícola húngara possa ser comprada pelo capital estrangeiro.

O papel decisivo do capital estrangeiro é uma das características do capitalismo húngaro. Faz 20 anos, a contrarrevolução capitalista foi resultado da atividade do capitalismo internacional, da traição interna das forças revisionistas do partido comunista no poder e da atividade da oposição burguesa.

Não havia uma classe dominante húngara forte. A nova classe foi criada, de certa forma, a partir de elementos da antiga elite governante do sistema socialista, aqueles que utilizaram sua política para tomar parte ativa na privatização da propriedade estatal, assim como, de certa forma, a partir de intelectuais e empresários do período socialista e, em parte, também, por novas gerações que apareceram em cena nas últimas décadas.

O extraordinariamente importante papel do capital multinacional é resultado de diferentes momentos. Em primeiro lugar, as forças capitalistas eram conscientes do fato de que o período de socialismo havia sido um período exitoso na história húngara e que as forças sociais da sociedade socialista, a classe operária e os trabalhadores rurais cooperativistas, eram muito fortes. As forças capitalistas estavam interessadas em liquidar estas classes e grupos sociais. Só viram um caminho: engajar-se ao capital internacional. Em segundo lugar, os intelectuais liberais sempre foram voltados para os Estados Unidos, Israel e para as forças capitalistas multinacionais e sempre consideraram o importante papel do capital estrangeiro como algo absolutamente normal.

Todos os governos húngaros apoiaram os investimentos estrangeiros, ao dar subvenções recomendadas por decisões governamentais, promover isenções de impostos, conceder subvenções para a formação e a criação de empregos, etc.

A classe capitalista húngara está formada por diferentes grupos. Em primeiro lugar, um pequeno, porém, influente grupo de grandes capitalistas que têm posição na área financeira, no comércio e nos serviços. Estão vinculados estreitamente ao capital multinacional. Em segundo lugar, centenas de milhares de micro, pequenos e médios empresários nos âmbitos da indústria e do comércio. Sua posição é muito frágil. Estão sob a pressão do capital da UE e do capital chinês. Sem um grande apoio estatal, estão condenados à morte.

Estes fatos, agora que o sistema capitalista está em crise, têm importantes consequências. Em primeiro lugar, o capital estrangeiro controla as áreas básicas da economia húngara. Tem poder absoluto na área financeira e controla a área mais sensível, o comércio interno. Já que não há uma forte produção nacional, há poucas possibilidades de que a Hungria se defenda por seus próprios meios. Pode-se ver claramente que as companhias multinacionais, ao tentar resolver seus próprios problemas, reduzem a produção e fecham suas fábricas na Hungria, o que contribui para o crescimento do desemprego.

2. A brecha entre ricos e pobres na sociedade ficou enorme. Esta é a outra razão da crise do capitalismo húngaro. A acumulação primitiva de capital fez com que o povo fosse privado de seus recursos. É resultado da política de inflação, da política fiscal e da política de crédito dos governos capitalistas dos últimos 20 anos.

A Hungria tem uma população de 10 milhões de habitantes, 9 milhões dos quais podem ser considerados como pessoas que vivem em condições de vida muito precárias ou, inclusive, em condições de pobreza, e somente um milhão deles podem se considerar beneficiados com as mudanças sociais, com a entrada na UE, etc.

Como mostram as seguintes cifras, o número dos desesperadamente pobres, de quem vive abaixo do umbral da pobreza, aumentou drasticamente nos últimos anos. (O umbral de pobreza é a soma dos rendimentos de uma família que permite a seus membros alimentar-se e vestir-se, e pagar por calefação e eletricidade). Em 1993, segundo estatísticas confiáveis, 27% da população húngara vivia abaixo do umbral de pobreza. Na Hungria havia aproximadamente um milhão de pobres em 1980. Hoje, seu número excede os 2,5 milhões. A décima parte mais rica da sociedade faz 7,3 vezes mais dinheiro que a décima parte mais pobre. Talvez sejam as crianças as que estejam em situação mais difícil, pois quase a metade da população com menos de 18 anos vive numa família que se encontra abaixo do umbral de pobreza. Nos últimos anos, em 53% dos lares o salário real baixou. Isto significa que, nestas famílias, o aumento dos rendimentos foi menor que o aumento dos preços.

Está aumentando o número dos chamados pobres de longo prazo. Os pobres de longo prazo na Hungria provêm de distintos grupos sociais: os sem-teto, a população rural, especialmente os que vivem em micro-comunidades, os desempregados ou expulsos do mercado de trabalho, os lares com mais de três crianças, as famílias com apenas um dos genitores, as anciãs solteiras e a população cigana. Um terço dos pobres de longo prazo é de etnia cigana, embora este grupo só represente 5% da população húngara.

Nos primeiros meses de 2009, a renda média na Hungria foi de 402 euros. Os trabalhadores manuais percebem 295 euros; os intelectuais, 511 euros. O salário mínimo é de 250 euros. Temos que levar em conta que os preços de consumo são praticamente iguais aos da UE.

Nos últimos 20 anos, a classe operária perdeu suas economias obtidas na época socialista. Agora os trabalhadores utilizam suas últimas reservas, e muitos deles já não têm mais reservas. Pode-se dizer o mesmo dos intelectuais, dos professores e dos trabalhadores da área da saúde. A maioria da classe operária e os intelectuais se endividaram amplamente para comprar um apartamento, um carro, uma televisão ou simplesmente para cobrir os custos da vida diária. Esses grupos sociais não podem mobilizar novos recursos para fazer frente às consequências da atual crise.

3. A terceira razão e elemento característico da crise no capitalismo húngaro é o extraordinário alto nível de corrupção.

A Hungria é o número 39 na lista de 179 países relacionados no índice de Corrupção da Transparência Internacional, em 2007. Apesar das leis anticorrupção, a falta de transparência cria contínuos rumores sobre casos de corrupção na gestão do governo.

As razões destes fenômenos estão vinculadas ao próprio capitalismo húngaro. Em primeiro lugar, a privatização da propriedade estatal foi praticamente um roubo livre. Agora, os diferentes círculos políticos e econômicos lutam por uma maior participação no dinheiro da UE, nas ordens estatais e nos investimentos centrais. Em segundo lugar, o sistema legal é muito confuso, o que beneficia aos que atuam na economia informal. Hoje em dia, aproximadamente 30% do PIB é produzido na economia informal. Em terceiro lugar, o atual sistema político e legal é o resultado de acordos entre diferentes grupos da classe capitalista realizados há 20 anos. Muitos de seus elementos já perderam sua validez. Como resultado dessa situação, o Estado capitalista não pode cumprir algumas funções básicas, incluindo o trabalho policial, a administração local, etc.

Possíveis vias de desenvolvimento

O desenvolvimento futuro do capitalismo húngaro depende do desenvolvimento capitalista internacional e dos processos que envolvem os diferentes grupos sociais da Hungria.

1. As forças capitalistas internacionais não querem perder a Hungria. A Hungria foi um dos primeiros países a trocar o socialismo pelo capitalismo, e serviu como exemplo para a política dos Estados Unidos e da Alemanha, como uma forma de contrarrevolução pacífica. Esta é uma razão. A segunda é que o capital internacional investiu grandes somas de dinheiro na Hungria. Atualmente, as dívidas da Hungria chegam a 97% do PIB do país. As forças capitalistas internacionais querem recuperar seu dinheiro e por isso estão dispostas a ajudar. Em 2009, a Hungria recebeu 20 bilhões de euros como créditos stand-by.

O FMI e as forças capitalistas internacionais querem uma situação política mais ou menos estável na Hungria, para o que pedem a repressão a qualquer movimento anticapitalista, mas utilizando meios “de acordo com as normas da UE”. A administração Obama parece entender, melhor que os países da UE, que o colapso do capitalismo húngaro pode conduzir a uma série de colapsos na região. Mas ainda não conseguiu convencer seus sócios da UE a investir muito mais dinheiro na consolidação do capitalismo húngaro.

Para os Estados Unidos é indiferente que grupo da classe capitalista governe politicamente a Hungria. De qualquer governo húngaro é exigida absoluta fidelidade aos Estados Unidos e à OTAN, assim como a participação nas missões militares da OTAN. Na política interna, a administração dos Estados Unidos espera uma luta consequente e exemplar contra o antissemitismo e as forças comunistas.

Os países dirigentes da UE não expressam especial preocupação com a situação dos capitalistas húngaros. Estão convencidos, a partir de sua própria experiência, de que, numa Hungria pertencente à UE e à OTAN, não pode haver revoluções sociais, nem sequer levantes sociais de grande envergadura. Os diferentes grupos políticos da UE expressam sua simpatia por diferentes partidos políticos da Hungria. Parece que tanto a Alemanha quanto a França não estão satisfeitos com a atuação do partido Socialista Húngaro e não se oporiam a uma mudança de governo.

2. A classe capitalista húngara está formada por diferentes grupos. O Partido Socialista Húngaro (MSZP) e a Aliança de Democratas Livres (SZDSZ) representam o grande capital que está estreitamente relacionado com o capital multinacional. Tradicionalmente, estão voltados política e economicamente para os Estados Unidos e Israel.

A coalizão dos socialistas e liberais foi uma ótima solução para as forças capitalistas internacionais durante muito tempo. A Hungria participa ativamente em todas as ações militares iniciadas pelos Estados Unidos e pela OTAN, de Kosovo ao Afeganistão. A maior parte da economia húngara foi privatizada e vendida, em primeiro lugar, para o capital estrangeiro durante os governos desses partidos, entre 1994 e 1998, e desde 2002 até agora. O governo encabeçado pelo Partido Socialista Húngaro foi capaz de dividir os sindicatos que lutavam contra o governo e de garantir a “paz social”. Os socialistas foram capazes de subordinar ao MSZP todas as organizações políticas e civis de esquerda, com exceção do Partido Comunista Operário Húngaro. A coalizão dos socialistas e dos liberais declarou guerra ao antissemitismo e garantiu excelentes possibilidades de desenvolvimento para os que pertencem à comunidade judaica na Hungria. Segundo as estatísticas de diferentes organizações judaicas, na Hungria vivem entre 50.000 e 200.000 judeus. A taxa de casamentos entre judeus está em torno de 60%.

O governo MSZP-SZDSZ faz grandes esforços, entre outras coisas, para mudar a constituição e tornar ilegais “a negação do Holocausto e a incitação pública ao ódio racial”. O governo, preocupado pelo fato de a Hungria ter sido o lugar da Europa onde aconteceram alguns dos piores incidentes neonazistas dos últimos meses, planejou a reforma em resposta à indignação pública por estas provocações.

Apesar de todos esses acontecimentos, as forças capitalistas internacionais não estão satisfeitas com a atual atuação da coalizão socialista-liberal. A política econômica neoliberal levou a uma importante piora das condições de vida. Milhões de pessoas estão insatisfeitas e começam a expressar, de diferentes formas, sua atitude antigovernamental e, inclusive, anticapitalista. A piora das condições de vida fortaleceu duas tendências na Hungria: o antissemitismo e as ações contra os ciganos.

A Fidesz – União Cívica Húngara – representa, em grande parte, os pequenos e médios capitalistas, embora não rejeite o grande capital. Está mais direcionada à Europa e à UE, de um modo geral. A Fedesz, que foi originalmente um partido liberal, é hoje um partido que tenta unificar todas as forças conservadoras e nacionalistas. Coopera, estreitamente, com o Partido Popular Cristão-Democrata (KDNP).

Durante seu governo, entre 1998 e 2002, a Fidesz basicamente cumpriu as expectativas do capital internacional. A Hungria participou ativamente da guerra contra a Iugoslávia e o “processo de democratização” da Europa Oriental. A política do governo da Fidesz, de apoiar as demandas de autonomia nacional das minorias húngaras na Romênia, Eslováquia e outros países, fez com que recebesse críticas de alguns países da UE. Os círculos políticos dos Estados Unidos criticaram a Fidesz porque, segundo suas análises, não lutavam o suficiente contra o antissemitismo. A Fidesz, enquanto apoiava o capital multinacional, levou a cabo muitas medidas de apoio ao capital húngaro, principalmente aos capitalistas médios.

Desde 2002, a Fidesz demonstrou que é o maior partido da oposição e que é capaz de influenciar nos processos políticos na Hungria. Organizou as grandes manifestações antigovernamentais em 2005-2006 e impulsionou um referendo sobre assuntos básicos de política educativa e sanitária do governo MSZP-SZDSZ. O congresso da Fidesz declarou que é necessário criar uma “nova maioria”, incluindo não somente os aliados tradicionais da Fidesz, mas também outras forças políticas e também sindicatos e organizações civis.

Ao mesmo tempo, a Fidesz demonstrou que não quer exceder o marco da democracia parlamentar ou violar as normas gerais de comportamento político da UE. A Fidesz não apoiou as grandes manifestações sociais de 2007-2009, embora isso pudesse ter-lhes trazido bons resultados. A ideia de uma nova maioria não se concretizou, e a Fidesz não se abriu de forma clara a outros partidos.

Os dois grupos da classe capitalista húngara, representados pelos partidos políticos principais, têm interesses comuns e distintos. Todos eles estão interessados em manter o sistema capitalista. Não querem mudar o sistema político existente. Por isso, não se modificará o limite de 5% para entrar no parlamento. Todos os grupos da classe capitalista lutam para conseguir uma melhor posição nas privatizações, em obter dinheiro da UE e nos grandes investimentos estatais. Ao mesmo tempo, todos eles sabem que sua luta interna não pode ameaçar o interesse comum da classe capitalista. O MSZP quer manter o poder, e a Fidesz quer alcançá-lo. Ambos entendem que a União Europeia só permite utilizar métodos parlamentaristas.

O MSZP utiliza diferentes métodos para conservar o poder. Em primeiro lugar, interessa-lhes a atividade do Movimento por uma Hungria Melhor (Jobbik). O Jobbik é a força de choque da classe capitalista, desempenhando um papel similar ao que previamente desempenhou o MIÉP. O Jobbik cumpre diferentes funções. Ao utilizar os sentimentos nacionais e slogans radicais anticapitalistas, busca manipular as pessoas, sendo capaz, assim, de obter votos da Fidesz. Ao mesmo tempo utiliza outras “armas” não usadas por outros capitalistas: o anticapitalismo, o antissemitismo e as consignas contra os ciganos. Pode tirar votos também das forças comunistas. O Jobbik registrou a Magyar Gárda, o movimento extremista paramilitar Guarda Húngara, em junho de 2007, como “organização cultural” para “preparar a juventude, espiritual e fisicamente, para situações extraordinárias quando for necessário mobilizar o povo”. Conforme disse o Instituto Progressista em um relatório, há uma maior receptividade hoje na Hungria aos movimentos extremistas devido à pobreza e à perda de empregos resultantes da atual crise econômica.

Em segundo lugar, os socialistas tentam obter todos os votos de esquerda. Não puderam subordinar o Partido Comunista Operário Húngaro ao MSZP, mas foram capazes de criar, em 2006, o “Partido Operário Húngaro de 2006”, partido revisionista, que critica verbalmente o capitalismo, mas apóia o governo socialista-liberal;

Em terceiro lugar, ajudaram no nascimento de novas organizações como o partido “Pode haver outra política”, o qual, juntamente com o Partido Humanista, visa criar uma alternativa aos liberais.

3. Nestas condições, há duas vias básicas por onde pode transitar a sociedade húngara: a via do capitalismo e a via da revolução socialista.

Do ponto de vista da alternativa capitalista, é de decisiva importância o fato de que o campo de atuação do capitalismo húngaro esteja, principalmente, determinado pela enorme influência do capital multinacional na economia húngara, pela dependência política, militar e ideológica da Hungria com relação aos Estados Unidos, à OTAN e à UE.

Dentro do desenvolvimento capitalista – insistimos, dentro do capitalismo e não como alternativa ao mesmo – há diferentes rumos possíveis. Um deles é uma maior subordinação da Hungria ao FMI, à UE e a outros centros capitalistas. Os governos húngaros servirão aos interesses do capital multinacional liberando completamente todas as áreas do mercado húngaro, liquidando os restos das empresas húngaras e reprimindo qualquer forma de protesto das classes trabalhadoras. É a via de abandono pleno da soberania nacional da Hungria, a via de limitação e opressão dos direitos democráticos.

Esta política será mantida, se os socialistas continuarem no poder. Assim o declaram abertamente, manifestando seu acordo com a política atual.

Não temos ilusões e nem podemos tê-las. Esta política pode se manter de uma forma ou de outra, inclusive, se a Fidesz alcançar o poder. A Fidesz também é um partido do grande capital, como o MSZP. A única diferença, entre ambos, é que na base social da Fidesz há muito mais representantes da pequena e média burguesia.

Os comunistas húngaros não devem apoiar esta via, como de fato jamais o faremos. Os comunistas devem saber que a via neoliberal, pró-FMI, piorará as condições do povo e pode levar a uma maior radicalização das massas. Os comunistas devem estar preparados para esta situação. Devemos lutar contra tal sucesso, que conduziria a uma virada radical direitista na política. Não há verdadeiro perigo de que as forças fascistas ou, inclusive, de direita radical cheguem ao poder. As atuais forças extremistas não são suficientemente fortes, e tal fato conduziria a uma imediata intervenção da UE, como pudemos ver na Áustria há alguns anos. Mas existe a ameaça real de que as forças capitalistas utilizem a crise na Hungria e o fortalecimento das forças extremistas de direita para estabelecer uma “ditadura democrática” dirigida a “salvar a democracia”.

No marco da via capitalista de desenvolvimento, também podemos imaginar um rumo que dê mais oportunidades ao capital nacional, às pequenas e médias empresas húngaras. Tampouco podemos descartar a possibilidade de que, para evitar o ressentimento das massas e a aparição de conflitos sociais em grande escala, o capital faça algumas concessões às massas e tente mitigar os problemas econômicos e sociais do povo. Quanto à política exterior, também pode ocorrer que a Hungria siga um rumo mais equilibrado enquanto mantém seu compromisso com a UE e a OTAN. Por exemplo: pode desenvolver relações mais estreitas com países árabes ou latino-americanos. Podemos observar o desenvolvimento de uma alternativa similar dentro do sistema capitalista em muitos países da América Latina.

Essa via é possível nas condições do capitalismo. O atual governo e o Partido Socialista Húngaro se opõem a isto. O principal partido da oposição, Fidesz, que representa os interesses dos capitalistas médios húngaros, expressa sua disposição em pôr limites ao capital multinacional, a apoiar os empresários húngaros e a limitar os rendimentos do grande capital e dar mais às massas. A questão é: se a Fidesz – ao chegar ao poder – realmente levará a cabo tais pretensões ou buscará um acordo com o capital internacional.

Esta via não satisfaz plenamente os interesses da classe operária e as melhorias são unicamente temporárias. Mas esta via oferece algumas vantagens para as massas trabalhadoras. Permite ao PCOH cooperar com a pequena e média burguesia sobre a base da luta comum contra o capital multinacional, os grandes mercados e a exploração estrangeira.

Este rumo terá êxito se formos capazes de transformar o ressentimento popular em força organizada e, assim, forçarmos os governos capitalistas a pôr restrições ao capital. O partido Comunista Operário Húngaro participa da luta sindical, do movimento contra as demissões, nas ações civis para aumentar a influência dos comunistas e instituir as forças do ressentimento das massas.

Lênin escreveu em Duas táticas da socialdemocracia na Revolução democrática: “O proletariado deve levar a cabo a revolução democrática, atraindo a massa do campesinato, para esmagar, pela força, a resistência da autocracia e paralisar a instabilidade da burguesia. O proletariado deve realizar a revolução socialista, atraindo a massa dos elementos semiproletários da população, para destroçar, pela força, a resistência da burguesia e paralisar a instabilidade do campesinato e da pequena burguesia”.

Outra via é a da revolução socialista. Está claro que os problemas básicos da classe operária só podem ser resolvidos na via da revolução socialista que supere o capitalismo. Os comunistas húngaros sempre mantiveram esta posição, mas desde a contrarrevolução de 1989-1990 não havíamos falado da possibilidade da revolução socialista. Agora devemos fazê-lo!

“A atual crise é uma expressão de uma crise mais profunda, intrínseca ao sistema capitalista, que demonstra os limites históricos do capitalismo e a necessidade da sua derrocada revolucionária”. Isto pode ser lido na declaração conjunta dos partidos comunistas e operários em São Paulo. Nossos partidos também declararam: “Ao enfatizar que a bancarrota neoliberal representa não só o fracasso de uma política de gestão do capitalismo, mas o fracasso do próprio capitalismo, e confiantes na superioridade dos ideais e do projeto comunista, afirmamos que a resposta às aspirações emancipatórias dos trabalhadores e dos povos só pode ser achada na ruptura com o poder do grande capital, com os blocos e alianças imperialistas e por meio de profundas transformações de caráter libertador e antimonopolista... Convencidos da possibilidade de outro mundo, um mundo livre da exploração de classe e da opressão do capital, declaramos nosso compromisso com a continuação do caminho histórico de construção de uma nova sociedade livre de exploração de classe e opressão, ou seja, o Socialismo”.

O Partido Comunista Operário Húngaro seguirá a via da revolução socialista. Agora consideramos que nossa tarefa básica e mais importante é demonstrar ao povo húngaro que o capitalismo não é a única forma de vida. Devemos demonstrar que o capitalismo nunca nos dará uma vida melhor, nunca nos dará um lugar nos parlamentos. Devemos obtê-los por meio da luta consequente e séria. Esta via é realista e podemos criar um novo mundo, o socialismo.

Naturalmente, recordamos as palavras de Lênin: “Toda revolução traz uma mudança brusca nas vidas de muitas pessoas. A menos que o momento esteja maduro para tal mudança, nenhuma revolução real pode acontecer”. Agora mesmo não podemos falar de uma situação revolucionária na Hungria, mas podemos falar da possibilidade de que o desenvolvimento geral da crise do capitalismo internacional e suas consequências na Hungria possam levar ao surgimento de uma situação revolucionária.

Consideramos que nossa tarefa principal é preparar o Partido Comunista para tal situação. Fortalecemos nossa formação marxista-leninista. Os membros e ativistas do partido devem entender a atual situação e o verdadeiro significado da via revolucionária.

Estudamos a experiência histórica das revoluções socialistas na Hungria com o objetivo de utilizar as experiências que possam ser aplicadas hoje.

Estudamos a experiência de partidos comunistas da Grécia, Portugal, Brasil, Venezuela e outros países na busca da organização de uma maior atividade das massas.

O partido organiza seus dirigentes sobre novas bases. Estamos criando “centros locais revolucionários” com o equipamento de informática necessário.

Criamos “grupos de combate” móveis que possam participar em diferentes manifestações, ações de rua e atos solidários.

Construímos uma nova organização juvenil com jovens profundamente dedicados à ideia da revolução.

Vamos indo diretamente às fábricas para falar com os trabalhadores. As experiências são muito positivas. Estamos abertos a toda iniciativa anticapitalista e antimonopolista, e participaremos de toda ação social voltada à luta contra os grandes mercados, contra a política de moradia neoliberal, contra os cortes de quem não pode pagar o gás ou a eletricidade.

Criamos um sistema mais efetivo de meios alternativos, utilizando o jornal semanal Szabadsag, a internet e outros meios. Criamos um amplo sistema de páginas web de organizações locais, utilizando a tecnologia do Youtube e outras novas tecnologias da internet.

Lutamos por uma cooperação mais efetiva de forças comunistas no âmbito internacional. O PCOH abandonou o PEE (Partido da Esquerda Europeia) porque não está de acordo com a política revisionista e oportunista do PEE. Temos certeza de que não precisaremos de uma “nova cultura política europeia”, mas sim de uma luta consequente contra o capitalismo, pelos direitos das massas trabalhadoras. Não devemos somente criticar o capitalismo, mas organizar a luta diária dos trabalhadores. Queremos acabar com o capitalismo. A Esquerda Européia quer melhorá-lo. Baseamo-nos no marxismo-leninismo, na teoria e na prática da luta de classes e nos princípios do internacionalismo proletário. A Esquerda Europeia, desgraçadamente, baseia-se no reformismo. A Esquerda Europeia luta contra o capitalismo apenas verbalmente, mas na prática ajuda a fortalecer a imagem “democrática” de uma União Europeia, do Parlamento Europeu e do sistema capitalista em geral.

Lênin disse: “Não se pode predizer o momento e nem o rumo da revolução. Esta é governada por suas próprias leis, mais ou menos misteriosas, mas quando chega é irresistível”. Devemos estar preparados.

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