4 de dezembro de 2008

O vendedor de promessas

Quando vejo o Sócrates na televisão faz-me lembrar uns indivíduos que, há muitos anos, em certos lugares da cidade, apregoavam alto mas com alguma ingenuidade umas mixórdias que supostamente tratavam todas as maleitas. A retórica convencia sempre alguém. Eram conhecidos por vendedores de banha da cobra. No Campo Pequeno, julgo que aos domingos, lá estavam a tentar ganhar a vida ou, pelo menos, a arranjar um complemento para sobreviverem. No mesmo espaço a seguir às vendas, os miúdos assistiam a interessantes e fantasiosas sessões ambulantes de manipulação de marionetas – os robertos.

Nos novos tempos, o primeiro-ministro, actualizado, moderno, e nada ingénuo, não vende banha da cobra nem sequer os produtos que apregoam na televisão – sejam estes computadores ou peixes de "aviário" – mas as mesmas promessas repetidas consecutivamente há trinta anos de um futuro melhor para todos os portugueses.

Tal como antigamente se acreditava nos vendedores de banha da cobra, também agora há sempre quem acredite nos vendedores de promessas.

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