16 de fevereiro de 2013

ADSE | UM PEQUENO ESCLARECIMENTO A TODOS OS IGNORANTES (OU PSEUDO IGNORANTES) DESTE PAÍS...


"Ora bem, para responder à pergunta como te sentes hoje Alexandra, começo por dizer que me sinto f...da vida (o que começa a ser hábito).

De facto, argumentos não faltam, todos os dias um diferente, que é para a malta não enjoar!!

Assim, vamos ao argumento do dia, a já famosa, quanto mais não seja pela sua natureza absolutamente estúpida, discussão acerca da extinção, ou não, da ADSE.

Do que tenho ouvido, e tenho de facto ouvido de tudo um pouco, e daqueles comentários que não merecem sequer resposta, não posso, contudo, deixar de responder alguma coisa, na esperança, com certeza vã, de esclarecer algumas mentes confusas (hoje estou dada a eufemismos), que, para além de não saberem do que falam (mas ainda assim o fazem), tentam, sem sucesso dos seus argumentos, esconder aquilo que realmente são, ou seja, mesquinhos, invejosos, maldizentes, mas, acima de tudo, ignorantes!

E como deveria falar quem do que fala sabe, dei-me ao trabalho de pesquisar e perguntar a quem de facto sabe, antes de escrever este relambório.

Posto isto cá vai:

Ouvi (várias vezes) que o desgraçado do trabalhador privado desconta 11% do seu salário para o SNS enquanto o afortunado (fdp) funcionário publico desconta uns míseros 1.5% para a ADSE, usufruindo assim, por muito menos, de todo um conjunto de regalias na área da saúde que não estão ao dispor do trabalhador privado, sujeito às contingências (desastrosas) do SNS.Bom, nunca a expressão "misturar alhos com bugalhos" fez tanto sentido!!

Assim sendo, vamos ao esclarecimento:

O trabalhador privado desconta 11% do seu salário para o Instituto de Gestão Financeiro da Segurança Social, dos quais, 10% são para o Fundo Nacional de Pensões (a reformazinha que todos querem) e 1% para o Fundo de Garantia Salarial e para o Fundo de Desemprego. E assim se explica a razão pela qual a entidade patronal só desconta 10%, uma vez que não tem direito a fundo de desemprego.

O (fdp) funcionário público desconta 1.5% para a ADSE, um subsistema de saúde sem fins lucrativos, e 11% para a Caixa Geral de Aposentações (lá está, a reformazinha que todos querem) *Contas feitas, o (fdp) funcionário público desconta 12.5% do seu salário, face aos 11% do trabalhador privado.*Mas, para sermos justos neste esclarecimento, vamos retirar da discussão o desconto para a ADSE e ficamos assim com descontos equiparados para os mesmos fins, ou seja, 11% para a reformazinha que todos querem.

E o SNS (também conhecido por Sistema Nacional de Saúde), onde fica no meio disto?
Pois bem, o SNS é financiado através do Orçamento Geral do Estado, que, como todos sabem, ou deveriam saber, é GRANDEMENTE financiado pelos impostos dos portugueses, que por acaso, mas apenas por mera coincidência, são também (para não dizer quase todos), dos (fdp) funcionários públicos.

Chegamos assim à conclusão que o (fdp) funcionário público não só desconta para ter um subsistema de saúde que lhe permita alguma qualidade na área da saúde, como também paga para que aqueles que não tendo ADSE, ou qualquer outro do género, tenham um SNS.
Ainda ontem ouvi no fórum da TSF um trabalhador privado falar do alto da sua indignação que se levantava as 4 da manha para ir para o centro de saúde para ter direito a uma consulta, que morava no centro da capital(!!!!, isto fazia parte da indignação, porque dizia o sr., não morava atrás do sol posto, mas sim na capital da nação, sim porque até se aceita que quem mora atrás do sol posto se levante às 4 da manhã para ir ao centro de saúde, o que se torna absolutamente inaceitável é que tal aconteça aos residentes no centro da capital da nação), e que não tinha médico de família atribuído, e mais uma carrada de desgraças, tudo porque na sua qualidade de trabalhador privado, e depois de descontar 11% do seu salário, não tinha ADSE ou qualquer outra regalia que lhe permitisse deslocar-se a outro local que não ao centro de saúde e, forçosamente, usufruir dos bons ofícios do SNS.

Bom, a questão dos descontos estará por esta altura, espero eu, devidamente esclarecida, mas ainda assim, para que não se alegue mais tarde uma profunda ignorância na matéria, os trabalhadores privados não descontam para o SNS, pelo menos diretamente. Indiretamente, TODOS os portugueses financiam o SNS através dos seus impostos. E aí caro sr e outros ignorantes do género, é só fazer as contas e ver, no final da matemática, quem mais contribui afinal para o SNS.

Encerrado este assunto, apraz-me ainda um outro comentário, a título de resposta ao sr em causa e a todos os ignorantes do género, acabem com a ADSE e todos os sub sistemas de saúde e vão ver a fila aumentar!!! E como a grande maioria dos (fdp) dos funcionários públicos residirá nos grandes centros urbanos e não atrás do sol posto, o melhor será começar a pôr o despertador para as 2 da manhã.

A sorte será que alguns dos (fdp) dos funcionários públicos optarão por fazer seguros de saúde privados e assim substituir a ADSE (associação sem fins lucrativos, diretamente vinculada ao Estado) por outro qualquer subsistema chamado MEDIS ou outro qualquer (associação com fins lucrativos, diretamente ligada às seguradoras e aos bancos), contribuindo assim, sem dúvida, para o aumento da riqueza…de alguns (basicamente, dos mesmos de sempre).

Quanto ao SNS, esse permanecerá como sempre, precário e abandonado à sua má sorte, com a diferença de que passará a ter mais utentes, que engrossarão as fileiras dos desesperados das listas de espera desesperada.

E pronto, para os que estoicamente resistiram até ao fim, espero ter ajudado."

POR ALEXANDRA FERNANDES

13 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

Um post muito esclarecedor que vou tentar partilhar muito embora o ecrã trema tanto que nem sei se consigo acertar no botão...

Barbara Jones disse...

Se me permite, vou partilhar publicando no meu FB… Muito interessante, e um esclarecimento, como bem dito, para leigos… E ignorantes!!!!

Estou farta de ser conotada aos fdp dos Funcionários Públicos que nada fazem, muito ganham e só têm regalias.

Excelente!!!



Nani Vieira

Filipa Poêjo disse...

Não concordo consigo e não me sinto ignorante. Sou trabalhadora do privado. Pago os meus impostos e desconto para a tal reforma, tal como a senhora. A senhora desconta 1,5% do seu ordenado para a ADSE e eu pago cerca de 500 euros/ano por cada um dos meus filhos (são três e vem aí o quarto) para um seguro com regalias equivalentes à ADSE. Este valor equivale a descontar 1,5% de um ordenado de 3000 euros... Claro que eu não ganho este ordenado e calculo que a senhora também não... Assim, a percentagem que eu desconto para a saúde é muito maior do que a sua. Estou sujeita a ser despedida ou que o meu local de trabalho deixe de existir. Trabalho 40 horas por semana, e a senhora? A ADSE deu uma despesa de 35 milhões de euros só em 2011. O Orçamento de Estado, para o qual todos contribuímos, obviamente colmatou esta despesa. A diferença é que quando o meu seguro dá despesa aumentam-me o prémio. Se queremos um Portugal mais justo devemos procurar a verdadeira equidade de tratamento. Os tempos mudaram e a realidade de hoje é muito diferente da de há 30 ou 40 anos. Convém reflectir de forma serena e desapaixonada. De nada valem comentários azedos, inflamados e rancorosos senão para contribuir para aumentar a confusão e instigar guerrilhas sem sentido. Acho uma cretinice, quase infantilidade, chamar ignorantes a todos quantos não concordam connosco. Nunca disse que os funcionários públicos não trabalham nem generalizei antipatias quando fui mal atendida nalguma repartição. Cada caso é um caso e a verdade é que o funcionalismo público é necessário. Assim como são necessárias excepções para casos excepcionais, como sejam as Forças Armadas ou as forças policiais, entre outros. O que não faz sentido, mais uma vez, é generalizar e deixar tudo como está só porque sim.

Anónimo disse...

Curioso como nao houve mais comentarios a seguir á Sra. Filipa Poêjo...

Anónimo disse...

Fringe Benefits

Se o meu patrão, para me aliciar, combinar comigo uns extras (conhecidos com Fringe Benefits), como por exemplo Carro, Telefone, Seguro de Saúde, Senhas de Refeição... etc, que corresponde a uma verba significativa de dinheiro que deixei de "ganhar" e de pagar impostos, algum dos "pagadores de impostos" tem alguma coisa a ver com isso ?

Se o meu patrão for o estado e me oferecer um seguro de saúde chamado ADSE os "pagadores de impostos" já podem protestar ?

e já agora sugiro uma visita ao site das finanças para ficarem a saber quem realmente paga impostos em portugal.

Edgar disse...

As contas são sempre bem feitas se contarmos que no privado do nosso ordenado pagamos 11%, mas depois o patrão paga o resto, 23%
um terço do ordenado do privado vai directamente para o estado sem o vermos, ou seja sem passar pela casa partida,.
A partir daqui podem-se começar a fazer as contas.
Dito isto eu não estou contra a ADSE, até porque tenho um seguro de saude oferecido por a minha empresa, em que não tenho que pagar o 1,5%, e tenho 80% de comparticipação.
Só me custam estas discussões infindáveis que este governo consefguiu por a função publica ontra o privado.

Uns são os MAUS, que só gastam o dinheiro do estado, e os outros são a Salvação que até exportam.

nada disto faz sentido, espero que o próximo governo ache um equilibrio e desnistifique tods estes malentendidos

Alentejano disse...

O que o Desgoverno quer e por vezes consegue é que os trabalhadores se dividam para que eles "reinem" à vontade o que por vezes conseguem.Basta ler alguns destes alguns destes comentários para o perceber,mas eu não vou por aí.
Trabalhadores sejam do estado ou do privado não se deixem levar pela cantinela desta meia dúzia de garotos que por agora estão no executivo com a complacência do cinzentão!!!

Teresa disse...

Apenas algumas palavras:
Uma de plena concordância com o Sr. Alentejano.
O Sr. Desgoverno está a conseguir o que pretende: A guerrilha entre o Público e o Privado, para dividir o POVO. E, por este andar, está a conseguir em PLENO o seu objectivo. Alias, convenhamos que o POVO português, apenas se une no que concerne ao FUTEBOL, ou aos 3 F's - Futebol, Fátima e Fado(com muito respeito ao Fado, que é o único que se aproveita), porque quando se trata de defesa dos direitos Constitucionalmente consagrados, é cada um de per si. Por isso estamos neste "barco à deriva".
A segunda, é para a Srª Filipa Poejo...
Uma pergunta: 3 filhos e o 4º a caminho...
Paga cerca de 500€/ano de seguro de saúde para cada um, acrescidos do respectivo desconto obrigatório para a Segurança Social 11% do seu vencimento(SNS e afins) - Note-se que antes de ser uma fdp Funcionária Pública, em 1994, eu auferia 400 contos (leu bem) por mês, na Privada, mas uma fatalidade mudou-me a vida e ingressei na fp a auferir 74 contos (leu bem) agora, como fdp Funcionária Pública, Técnica Superior, se não faltar dia nenhum, "levo", para casa com todas as "regalias" cerca de 850€ (tb leu bem). (Sim, porque, para obter todas as "regalias - que desconheço, desconto 3,5% para a ADSE (leu bem, 11% para CGA (tb leu bem) o IRS de acordo com a tabela indiciária para o escalão do rendimento bruto. Note-se que, as taxas moderadoras, se não souber, informe-se, no que concerne a exames complementares de diagnóstico são muito, mas muito superiores ás praticadas pelo SNS. Dou-lhe apenas 2 exemplos. Pergunte quanto custa uma TAC ou uma Ressonância Magnética com o SNS ou com a ADSE e verá a diferença. Faça uma bateria básica de análises e pergunte quanto pagaria se fosse beneficiária da ADSE. Depois, pergunte-se a si própria se fosse uma doente que, tivesse de se sujeitar periodicamente a este tipo de exames, se aguentaria, sendo "beneficiária da maravilha que é a ADSE e se não pudesse pagar um seguro de vida de 500€/ano. E agora, pergunto a uma comentadora que alega que não aufere 3000€/mês mas que paga 1500€/ano de seguros de saúde por 3 filhos... (e que o 4º vem a caminho, portanto serão mais 500€...De onde vem o rendimento para tanta despesa? Eu tenho apenas uma filha e não tenho seguro de saúde porque o não consigo pagar... E não tenho marido... ou outra fonte de rendimento... Quem cabritos vende e cabras não tem... Só pode ter um marido que ganhe bem (na melhor das hipóteses...

Indignado com o Estado de Graça do país disse...

Srª Teresa,

Apenas lhe vou dizer o seguinte:

Sou trabalhador do privado que ganha o salário mínimo nacional, juntamente com a minha esposa, e tenho 2 filhos - Um na Universidade e o outro no ensino secundário. Um dos meus filhos, necessitou de um exame específico para um problema de saúde. Como o meu subsistema é o SNS esse dito exame ficou em 800€. Fiquei a saber nessa mesma altura que, se o meu subsistema fosse a ADSE, ficaria a pagar apenas a módica quantia de 76€. Agora reflita! E antes de colocar qualquer coisa na internet, informe-se bem daquilo que fala. É óbvio que os funcionários públicos são prejudicados em muita coisa (principalmente os setores da Saúde e Educação), mas também têm muitas regalias, pelo menos mais algumas que o setor privado.
- Começando pelos dias de férias, que podem ser mais de 30 dias úteis no PÚBLICO, dependendo da idade e do tempo de serviço, enquanto que no privado são 22 dias;
- A função pública (ressalvo novamente os setores da Saúde e Educação) têm apenas uma carga de 35h semanais (7h/dia) enquanto que o privado tem carga horária de 40h semanais (8h/dia);
- Podia continuar mas apenas vou colmatar com isto - A reforma antecipada de um funcionário público é aos 55 anos com 30 anos de descontos (Fora outras áreas que até podem ter reforma integral aos 45 anos) e a reforma antecipada para um trabalhador privado é aos 60 anos com pelo menos 40 anos de descontos (fora descontos adicionais para ambos).

Portanto, se mesmo após isto, continuar a achar que não há disparidades e que (volto a frisar) A MAIORIA dos funcionários públicos são uns coitadinhos, pois bem, não sei mais que lhe diga!

Mrsrosa disse...

Esclarecimento: em 2016 o desconto para a ADSE é de 3,5℅ e é autos sustentável, por isso há quem defenda que poderá se extendido aos trabalhadores do privado, o que até se justifica por 2 motivos:
1- O SNS não tem capacidade de acomodar os cerca de 1 milhão de beneficiários daquele subsistema de saúde;
2- Porque o SNS está em acelerada degradação e já não responde cabalmente às solicitações. Se a ADSE lhe conseguisse retirar alguns utentes, dar lhe ia algum fôlego para responder melhor a quem não poderá descontar para a ADSE se o sistema for extendido aos trabalhadores do privado.
O ideal seria melhorar o SNS e integrar DEPOIS nele a ADSE.

Célio disse...

http://foruns.pinkblue.com/forum/temas-de-discuss%C3%A3o/foruns-mais-especializados/direito-e-seguran%C3%A7a-social/120434-seguran%C3%A7a-social-ou-adse

Anónimo disse...

E já agora... tadinhos dos que ganham míseros ordenados a recibinhos do Sporting, digo verdes... No meio de tanta injustiça isto deve ser do melhor. Trabalhar para aquecer sem subsídios nem nada. Subsídios. .. O que é isso mesmo?

Anónimo disse...

Quem assim escreve é porque nunca teve que ir a uma consulta médica num médico privado e deixar no final 60 euros. É quem faz tratamentos dentários e de fisioterapia praticamente sem pagar.

Enfim, é quem tem tudo dado e reclama. É o tipico funcionário público que tem o seu ordenado na hora certa, atualizações salariais regulares, entra às 9:00 e sai às 17:30 com dois cafézinhos pelo meio de meia hora.