Mário Soares, num dos momentos de lucidez que ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana, para a voz da rua.
A lucidez, que foi, segundo parece, uma das suas maiores qualidades durante uma longa carreira política!!!...
A lucidez, que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hoteis de luxo em Paris…A lucidez, que lhe permitiu conduzir da forma «brilhante» que se viu, o processo de descolonização…A lucidez, que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia...A lucidez, que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa…A lucidez, que lhe permitiu governar sem ler os «dossiers»…A lucidez, que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo…A lucidez, que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, desta modo, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais…A lucidez, que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a "Emaudio", com «testas de ferro» no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais…A lucidez, que lhe permitiu utilizar a "Emaudio" para financiar a sua segunda campanha presidencial…A lucidez, que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da "Emaudio"...A lucidez, que lhe permitiu ficar incólume nos casos "Emaudio" e "Aeroporto de Macau" e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial…A lucidez, que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, «Contos Proibidos», que contava tudo sobre a "Emaudio", e ter a sorte desse mesmo livro, depois de esgotado, nunca mais ter voltado a ser publicado…A lucidez, que lhe permitiu passar incólume às «ligações perigosas» com Angola, ligações estas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião este carregado de diamantes, no dizer do Ministro da Comunicação Social de Angola)…A lucidez, que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países («record» absoluto para a Espanha - 24 vezes - e França - 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros)…A lucidez, que lhe permitiu visitar as Seychelles, uma terra de grande importância estratégica para Portugal…A lucidez, que lhe permitiu, no fim destas viagens, levar para a casa-museu João Soares, uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da República Portuguesa…A lucidez, que lhe permitiu guardar esses presentes num cofre-forte blindado dessa casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da República…A lucidez, que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau, e Campo Grande…A lucidez, que lhe permitiu, abandonada a Presidência da República, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de direito privado que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo…A lucidez, que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação, violando o PDM de Lisboa segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras…A lucidez, que lhe permitiu conseguir que o processo das antigas construções que ali havia e que se encontrava no Arquivo Municipal, fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho…
A lucidez, que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos…A lucidez, que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil contos do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo, num edifício cedido pela Câmara de Lisboa…A lucidez, que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente…A lucidez, que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-Presidente da República, na... Fundação Mário Soares…A lucidez, que lhe permite, ainda hoje, que a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria...A lucidez, que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente da Câmara era... João Soares…A lucidez, que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do «Público», José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema…A lucidez, que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar durante a campanha, "dona de casa" à vencedora Nicole Fontaine…A lucidez, que lhe permitiu considerar José Sócrates «o pior do guterrismo» e ignorar hoje em dia tal frase, como se nada fosse…A lucidez, que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais uma última vez…A lucidez, que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista…A lucidez, que lhe permitiu ler os artigos «O Polvo» de Joaquim Vieira na «Grande Reportagem», baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista…A lucidez, que lhe permitiu ficar incólume, depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas…
No fim de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta-lhe um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai… Vem e vai… Vem e vai… Vai... e não torna a voltar…
A lucidez, que foi, segundo parece, uma das suas maiores qualidades durante uma longa carreira política!!!...
A lucidez, que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hoteis de luxo em Paris…A lucidez, que lhe permitiu conduzir da forma «brilhante» que se viu, o processo de descolonização…A lucidez, que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia...A lucidez, que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa…A lucidez, que lhe permitiu governar sem ler os «dossiers»…A lucidez, que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo…A lucidez, que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, desta modo, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais…A lucidez, que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a "Emaudio", com «testas de ferro» no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais…A lucidez, que lhe permitiu utilizar a "Emaudio" para financiar a sua segunda campanha presidencial…A lucidez, que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da "Emaudio"...A lucidez, que lhe permitiu ficar incólume nos casos "Emaudio" e "Aeroporto de Macau" e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial…A lucidez, que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, «Contos Proibidos», que contava tudo sobre a "Emaudio", e ter a sorte desse mesmo livro, depois de esgotado, nunca mais ter voltado a ser publicado…A lucidez, que lhe permitiu passar incólume às «ligações perigosas» com Angola, ligações estas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião este carregado de diamantes, no dizer do Ministro da Comunicação Social de Angola)…A lucidez, que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países («record» absoluto para a Espanha - 24 vezes - e França - 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros)…A lucidez, que lhe permitiu visitar as Seychelles, uma terra de grande importância estratégica para Portugal…A lucidez, que lhe permitiu, no fim destas viagens, levar para a casa-museu João Soares, uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da República Portuguesa…A lucidez, que lhe permitiu guardar esses presentes num cofre-forte blindado dessa casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da República…A lucidez, que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau, e Campo Grande…A lucidez, que lhe permitiu, abandonada a Presidência da República, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de direito privado que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo…A lucidez, que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação, violando o PDM de Lisboa segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras…A lucidez, que lhe permitiu conseguir que o processo das antigas construções que ali havia e que se encontrava no Arquivo Municipal, fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho…
A lucidez, que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos…A lucidez, que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil contos do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo, num edifício cedido pela Câmara de Lisboa…A lucidez, que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente…A lucidez, que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-Presidente da República, na... Fundação Mário Soares…A lucidez, que lhe permite, ainda hoje, que a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria...A lucidez, que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente da Câmara era... João Soares…A lucidez, que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do «Público», José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema…A lucidez, que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar durante a campanha, "dona de casa" à vencedora Nicole Fontaine…A lucidez, que lhe permitiu considerar José Sócrates «o pior do guterrismo» e ignorar hoje em dia tal frase, como se nada fosse…A lucidez, que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais uma última vez…A lucidez, que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista…A lucidez, que lhe permitiu ler os artigos «O Polvo» de Joaquim Vieira na «Grande Reportagem», baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista…A lucidez, que lhe permitiu ficar incólume, depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas…
No fim de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta-lhe um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai… Vem e vai… Vem e vai… Vai... e não torna a voltar…
De alguém, que eu não sei quem...
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