Cada vez mais ouvem-se os patrões, quando questionados “amigavelmente” sobre os baixos vencimentos dos trabalhadores, a dizerem que o povo quer é trabalhar e que não estão importados com os aumentos dos salários, nomeadamente com o salário mínimo nacional.
Entre muitos, ainda não há muito tempo (uns dias antes das ultimas eleições legislativas), o Sr. Belmiro Azevedo que estava “escondido” foi a um jornal nacional dizer isto mesmo. Ou seja, resumindo, disse: venha lá a troika ajudar a explorar, ainda mais, os trabalhadores porque é preciso que o valor do trabalho seja reduzido. Quem trabalha não precisa de ganhar mais do que o suficiente para não morrer à fome, e para poder ir trabalhar.
O povo fez-lhe a vontade…
Recentemente um Sr. que intitularam presidente da confederação dos proprietários da industria hoteleira, após ter sido recebido pelo novo ministro da economia e do trabalho (subjugado aos interesses dos lucros dos patrões)… veio com esta mesma conversa.
Que o salário mínimo nacional não podia ser aumentado, e que este não era o problema dos trabalhadores, o problema dos trabalhadores era terem trabalho.
Resumindo, trabalho… trabalho… mas sem direitos.
Estes pensamentos levam-nos a lembrar tempos passados, tempos da escravatura; Tempos em que havia muito trabalho, mas não existiam direitos.
Estamos quase lá, e já naquele tempo haviam escravos que adoravam ser escravos.
Este Sr. Presidente que fez-me lembrar “os vendedores da cobra” disse qualquer coisa como, reduzindo os direitos dos trabalhadores, aumenta o número de postos de trabalho.
Deve ser… os patrões que tudo fazem para aumentar os horários de trabalho, através de diversos artefactos obrigam os trabalhadores a trabalharem muitas horas após o seu horário de trabalho (trabalho não remunerado, é claro); Agora é que iam contratar mais trabalhadores.
O Sr. Presidente da dita confederação (não sei se também representa os donos das bancadas de artesanato, e etc…) devia era estar preocupado com a fuga aos impostos que existe na hotelaria, mas claro ainda existe gente honesta.
Declaram ordenados mínimos dos seus trabalhadores; a maioria dos patrões nunca recebe mais do que € 500,00; as empresas é que pagam as casas, os carros e as creches dos filhos destes ditos proprietários; cobram o IVA ao cliente mas depois o declarado é bastante inferior; Escravizam muitos trabalhadores em situação ilegal, enfim… tudo bons rapazes, e este Sr. representa estes bons rapazes, logo é melhor do que eles.
Quanto ao Sr. Belmiro Azevedo é “umas mãos largas”;
Tem um jornal que dá, sucessivamente, muitos prejuízos… mas continua como se nada fosse, pois se acabasse com o jornal deixava de ter um órgão para influenciar o povo naquilo que lhe interessa, e se gasta é porque tem…
O problema é ter à custa da exploração;
Os seus centros de distribuição têm ao seu serviço, maioritariamente, trabalhadores precários que têm muito trabalho mas os direitos ficaram para o patrão, e para os seus vassalos que o substituem na tarefa de exploração destes trabalhadores.
Vassalos que cumprem criteriosamente as suas delegações de competência, e ainda inventam mais uns trabalhinhos forçados para estes trabalhadores, para quem até o direito de ir à casa de banho tornou-se numa regalia.
Cuidado, não engravidem… isto de engravidar não está em consonância com os interesses nacionais do patrão. Isto é coisa de burguês…
Os trabalhadores destes centros de distribuição chegam a trabalhar mais de doze horas por dia, sendo que têm que estar ao dispor do patrão ainda mais horas do que as “trabalhadas”.
Os horários são feitos de acordo com o interesse nacional do patrão, havendo interrupções nesses horários de longas horas, nas quais o trabalhador ou trabalha (de borla, é claro) ou tem que fazer tempo para regressar ao trabalho após umas horas de pausa, mas à sua própria conta.
Deste modo o trabalhador não está disponível para a sua família, nem para si próprio durante longas horas… vá lá ainda têm a possibilidade de irem dormir a casa.
Se estes trabalhadores barafustam são “convidados” a irem procurar emprego, pois se eles não estão dispostos a serem explorados existem muitos outros que estão.
Por estes e muitos outros motivos, é que estes Srs que cometem ilegalidades aguardaram e sempre obtiveram a ajuda dos sucessivos governos, para legalizarem as ilegalidades cometidas por eles.
Veja-se o caso dos recibos verdes…
Recibos que são utilizados na maioria dos casos por trabalhadores que prestam um trabalho regular e não são independentes. Que estão submetidos a um suposto horário de trabalho, estando dependentes hierarquicamente das chefias.
Estes trabalhadores obrigatoriamente deviam ser do quadro dessa empresa, mas não…
Quem perde? O trabalhador e o estado… eu escrevi o estado e não o governo.
Os trabalhadores precários e a recibos verdes são óptimos “chouriços” para os patrões triturarem.
Pois têm que trabalhar, trabalhar, e não contestar...
Têm que fazer tudo o que lhe mandam, não interessa a função. Se o patrão precisar, ele têm que lhe ir levar o cafezinho, limpar a secretária, levar os filhos do patrão à escola, dormir no trabalho se for preciso.
Quanto a doenças, é melhor não as ter senão nem dinheiro para os medicamentos vai ter, e quando regressar ao trabalho pode já estar ocupado.
Se o trabalhador não aceitar este pacto de interesse nacional do patrão, vai-se embora no dia seguinte. O que não falta é quem “queira trabalhar”.
Quanto ao trabalhador é lixo, serviu para os fins e agora o patrão deita fora.
Isto é ilegal…. Mas eles gostam muito da legalidade e por isso estão a aguardar. Mas atenção, não têm tempo a perder e já vão mais à frente.
A Constituição incomoda muito o interesse nacional do patrão.
Existem trabalhadores que dizem que é pratica comum, por isso têm que aceitar… logo a lei deve mudar.
Esses trabalhadores se gostam de “levar na tromba” é com eles, mas “deixem em paz” a lei para aqueles que não se vergam e procuram justiça…
Que raio de mania dos “cobardes” quererem que todos os outros sejam cobardes…
2 comentários:
Vivemos ainda hoje numa sociedade muito injusta.
Só com a luta podemos mudar essas situações que, no fundamental afectam a todos.
Cumprimentos.
A canalha continua à solta
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