História dos supostos milhões de presos e mortos nos campos de trabalho e
pela fome na União Soviética no tempo de Stáline
Neste
mundo em que vivemos, quem consegue escapar às terriveis histórias de mortes
suspeitas e assassinios nos campos de trabalho Gulag na União Soviética? Quem
consegue escapar às histórias de milhões de mortos pela fomes e de milhões de
opositores executados na União Soviética no tempo de Stáline? No mundo
capitalista repetem-se estas histórias em livros, jornais, radio, televisão e
filme numa quantidade infinita e o mito de dezenas de milhões de vitimas que o
socialismo teria causado tem crescido sem limites nos últimos cinquenta anos.
Mas na
realidade, de onde vêm estas histórias e estes números? Quem é que está por
detrás disto?
E outra
pergunta: o que há de verdade nessas histórias? Por exemplo, qual é a
informação existente nos arquivos da União Soviética, anteriormente secretos,
mas abertos por Gorbatchov à investigação histórica em 1989? Segundo os
inventores dos mitos, todas as histórias de milhões de mortos na União
Soviética de Stáline se confirmariam no dia em que os arquivos fossem abertos.
Foi o que aconteceu? Foi confirmado?
O artigo
que segue mostra-nos de onde vêm e quem está por detrás das histórias dos
milhões de mortos pela fome e nos campos de trabalho na União Soviética de
Stáline. O autor do texto, depois de ter estudado o resultado das investigações
feitas nos arquivos da União Soviética dá-nos também informação em dados
concretos sobre o verdadeiro número de presos, anos de prisão e o verdadeiro
número de mortos e de condenados à morte na União Soviética de Stáline. A
realidade é bem diferente do mito!
O autor
do texto, Mário Sousa, é militante do Partido Comunista da Suécia [KPML(r)]. O
artigo foi escrito em sueco para o jornal do partido, Proletären - O Proletário
- onde foi publicado em Abril de 1998. A tradução é do autor.
Em linha recta através da
história - de Hitler e Hearst a Conquest e Soljenitsyne
No ano
de 1933 a política alemã sofre modificações que vão deixar marcas na história
mundial durante dezenas de anos. Em 30 de Janeiro Hitler é nomeado primeiro
ministro e um nova maneira de governar, com violência e sem respeito pelas
leis, começa a tomar forma. Para consolidar o poder, os nazis marcam novas
eleições para 5 de março utilizando toda a propaganda ao seu alcance para
assegurar um resultado vitorioso. Uma semana antes das eleições, em 27 de
fevreiro, os nazis incendeiam o parlamento e acusam os comunistas de serem eles
os incendiários. O partido comunista é proibido e muitos comunistas são presos.
Nas eleições que se seguiram os nazis obtiveram 17,3 milhões de votos e 288
deputados, cerca de 48% do eleitorado. (em novembro de 1932 tinham tido 11,7
milhões de votos e 196 deputados). Depois da proibição do partido comunista, os
nazis começaram a perseguir os socialdemocratas e o movimento sindical e os
primeiros campos de concentração começaram a encher-se com todos esses homens e
mulheres de esquerda. Entretanto continou a aumentar o poder de Hitler no
parlamento com a ajuda da direita. No dia 24 de março Hitler fez passar uma lei
no parlamento que lhe deu poderes totais para governar o país durante quatro
anos sem necessidade de consulta parlamentar. A partir daí começaram as
perseguições abertas aos judeus e os primeiros deram entrada nos campos de
concentração onde já se encontravam comunistas e socialdemocratas de esquerda.
Hitler continuou a marcha pelo poder total, cortando com todos os acordos
internacionais de 1918 que impunham restrições ao armamento e militarização da
Alemanha. O rearmamento da Alemanha faz-se a grande velocidade. Esta era a
situação politica internacional quando o mito dos milhões de mortos na União
Soviética se começou a formar.
A Ucrânia como uma parte
do espaço alemão
Ao lado
de Hitler no comando da Alemanha estava o ministro da propaganda, Goebells, o
máximo responsável para incutir o sonho nazi no povo alemão. Este era o sonho
do povo da raça pura vivendo numa Grande Alemanha, um país com um grande
"lebensraum", um grande espaço para viver. Uma parte deste
"lebensraum", uma área muito maior do que a Alemanha, iria ser
conquistada no Este e incorporada na nação alemã. Em 1925 no livro Mein Kampf
já Hitler tinha indicado a Ucrânia como uma parte integrante do espaço alemão.
A Ucrânia e outras regiões no Este da Europa iriam pretencer à nação alemã para
poderem ser utilizadas de uma maneira "correta". Segundo a propaganda
nazi, a espada alemã iria libertar essa terra para dar lugar ao arado alemão!
Com técnica alemã e empresas alemãs a Ucrânia iria ser transformada na terra
produtora de cereais da Alemanha! Mas primeiro teriam os alemães que libertar a
Ucrânia do seu povo de "seres humanos inferiores", os quais, segundo
a propaganda nazi, seriam utilizados como força de trabalho escravo nas casas,
fábricas e agriculturas alemãs, em todos os lugares onde a economia alemã
necessitasse deles.
A
conquista da Ucrânia e de outras regiões da União Soviética implicava
necessáriamente guerra contra a União Soviética, o que era necessário preparar
a longo termo. Para esse efeito o ministério de propaganda nazi, chefiado por
Goebbels, iniciou em 1934 uma campanha sobre um suposto genocídio feito pelos
bolcheviques na Ucrânia, uma terrivel catastrofe de fome que teria sido
provocada por Stáline para submeter e obrigar os camponeses a aceitar a
politica socialista. O objetivo da campanha nazi era de preparar a opinião
pública mundial para a "libertação" da Ucrânia pelas tropas alemãs.
Apesar de grandes esforços e embora alguns textos da propaganda alemã fossem
públicados na imprensa inglêsa, a campanha nazi sobre o "genocídio"
na Ucrânia não teve grande sucesso a nível mundial. Era evidente que Hitler e
Goebbels necessitavam de ajuda para espalhar as calúnias sobre a União
Soviética. A ajuda foi encontrada nos Estados Unidos da América!
William Hearst, um amigo
de Hitler
William
Randolph HEARST é o nome do multimilionário americano que veio ajudar os nazis
na guerra psicologica contra a União Soviética. Hearst é o redactor americano
conhecido como sendo o "pai" da chamada imprensa amarela, a imprensa
sensacionalísta. William Hearst começou a carreira de redactor em 1885, quando
o seu pai George Hearst, milionário da indústria mineira, senador e redactor,
lhe deu a chefia do jornal São Francisco Daily Examiner. Assim começou também o
império jornalistico de Hearst que de uma maneira definitiva iria deixar marcas
profundas na vida e nos conceitos dos norteamericanos. Depois da morte do pai,
William Hearst vendeu todas as acções da indústria mineira que herdou e começou
a investir o capital no mundo jornalistico. A primeira compra que fez foi o New
York Morning Journal, um jornal de tipo tradicional que Hearst transformou
totalmente num jornal sensacionalístico. As notícias eram compradas a qualquer
preço e quando não havia crueldades ou crimes violentos para contar cabia aos
jornalistas e fotógrafos "arranjar" o assunto. É justamente esta a
marca da "imprensa amarela": a mentira e a crueldade arranjada e
servida como verdade.
As
mentiras de Hearst fizeram dele milionário e pessoa importante no mundo
jornalístico, sendo em 1935 um dos homens mais ricos do mundo com uma fortuna
avaliada em 200 milhões de dolares. Depois da compra do Morning Journal, Hearst
continuou a comprar e fundar jornais diários e semanários por todos os EUA. Na
década dos anos 40, William Hearst era proprietário de 25 jornais diários, 24
semanários, 12 estações de radio, 2 serviços de noticias mundiais, um serviço
de notícias para filme, a empresa de filme Cosmopolitan e muito mais. Em 1948
comprou uma das primeiras estações de televisão dos EUA, a WBAL-TV em
Baltimore. Os jornais de Hearst vendiam 13 milhões de exemplares diários com
cerca de 40 milhões de leitores! Quase um terço da população adulta dos EUA lia
diáriamente os jornais de Hearst! E além disso muitos milhões de pessoas em
todo o mundo recebiam a informação da imprensa de Hearst através dos serviços
de noticías, filmes e uma série de revistas que eram traduzidas e editadas em
grandes quantidades em todo o mundo. Os números acima citados mostram bem de
que maneira o império de Hearst influenciou a vida politica americana e a vida
politica do mundo em geral durante muitos anos (entre outras coisas contra a
participação dos EUA na segunda guerra mundial pelo lado da União Soviética e
nas campanhas anti comunistas de McCarty na década 50).
Os
conceitos de William Hearst eram extremamente conservadores, nacionalistas e
anti-comunistas. A sua politica era a politica da extrema direita. Em 1934 fez
uma viagem à Alemanha onde foi recebido por Hitler como convidado e amigo.
Depois desta viagem os jornais de Hearst tornaram-se ainda mais reacionários,
sempre com artigos contra o socialismo, contra a União Soviética e em especial
contra Stáline.
Hearst
tentou também utilizar os seus jornais para fazer propaganda nazi abertamente,
com uma série de artigos de Göring, a mão direita de Hitler. No entanto os
protestos de muitos leitores obrigaram-no a parar a publicação e retirar os
artigos.
Depois da
visita a Hitler os jornais sensacionalistas de Hearst vinham cheios de
"revelações" sobre acontecimentos terríveis na União Soviética como
assassinios, genocídios, escravidão, luxo para os governantes e fome para o
povo, sendo estas as grandes "notícias" diárias. O material era dado
a Hearst pela Gestapo, a policia política da Alemanha nazi. Nas primeiras
páginas dos jornais havia muitas vezes caricaturas ou imagens falsas da União
Soviética, onde Stáline era retratado como um assassino de faca na mão. Não
esqueçamos que estes artigos eram lidos diariamente por 40 milhões de pessoas
nos Estados Unidos e milhões de outras em todo o mundo!
O mito da fome na Ucrânia
Uma das
primeiras campanhas da imprensa de Hearst contra a União Soviética foi sobre os
supostos milhões de mortos, vitimas da fome na Ucrânia. A campanha iniciou-se
em 18 de Fevreiro de 1935 no jornal Chicago American com um titulo na primeira
página, "Seis milhões de mortos de fome na União Soviética".
Utilizando material vindo da Alemanha nazi começou assim o simpatizante do
nazismo e magnata da imprensa William Hearst a publicar histórias fantásticas
sobre um genocidio provocado pelos bolcheviques com muitos milhões de mortos de
fome na Ucrânia. A realidade era bem diferente. O que se tinha passado na União
Soviética no principio da década de 1930 foi uma grande luta de classes em que
os camponeses pobres e sem terra se levantaram contra os grandes agrários
ricos, os kulaks, e iniciaram a luta pelos colectivos agricolas, os kolchozes.
Esta grande luta de classes que envolvia directa ou indirectamente 120 milhões
de camponeses causou instabilidade na produção agrícola e em algumas regiões
falta de produtos alimentares. A falta de comida enfraquecia as pessoas, o que
contribuiu para um aumento de vitimas de epidemias infecciosas. Este tipo de
epidemias era nessa altura um acontecimento tristemente comum no mundo.
De 1918
a 1920 uma epidemia infecciosa conhecida como a gripe espanhola fez milhões de
mortos nos EUA e na Europa (mais de 20 milhões), mas nunca ninguém acusou os
governos desses paises de matarem os seus cidadãos. O facto é que os governos
nada podiam fazer contra epidemias desta espécie. Só com o aparecimento da
penicilina durante a segunda guerra mundial é que as epidemias infecciosas
poderam começar a serem combatidas com exito no fim da década de 1940.
Os
artigos na imprensa de Hearst sobre os milhões de mortos de fome na Ucrânia que
tinha sido "provocada pelos comunistas" eram detalhados e terriveis.
A imprensa de Hearst utilizou tudo ao seu alcance para fazer da mentira
realidade, provocando a opinião pública nos países capitalistas a voltar-se
fortemente contra a União Soviética. Assim se originou o primeiro grande mito
dos milhões de mortos na União Soviética. Na vaga de protestos contra a fome
"provocada pelos comunistas" que se seguiu na imprensa ocidental
ninguém quis escutar os desmentidos da União Soviética, sendo o completo
desmascaramento das mentiras da imprensa de Hearst em 1934, adiado até 1987!
Durante mais de 50 anos e na base destas calunias, várias gerações de pessoas
em todo o mundo foram levadas a formar uma visão negativa do socialismo e da
União Soviética.
O império mass-media de Hearst no ano de 1998!
William
Hearst morreu em 1951 na sua casa em Beverly Hills na Califórnia. Hearst deixou
um império de mass-media que ainda hoje continua a espalhar a sua mensagem reaccionária
por todo o mundo. A empresa The Hearst Corporation é uma das maiores do mundo
em que vivemos, reunindo mais de 100 companhias onde trabalham 15.000 pessoas.
O império de Hearst abrange hoje jornais, revistas, livros, radio, televisão,
TV cabo, agencias de noticias e multimedia.
52 anos
para desmascarar uma mentira!
A
campanha de desinformação dos nazis sobre a Ucrânia não morreu com a derrota da
Alemanha nazi na segunda guerra mundial. As mentiras nazistas foram retomadas
pela CIA e pelo MI5 britânico e tiveram sempre um lugar garantido na guerra de
propaganda contra a União Soviética. As campanhas anticomunistas de McCarthy
nos EUA, depois da segunda guerra mundial, também viveram à custa dos
"milhões de mortos de fome da Ucrânia". Em 1953 foi publicado um
livro nos EUA sobre este tema, com o titulo "Black Deeds of the
Kremlin" (Os feitos negros do Kremlin). A publicação foi paga por
refugiados ucranianos nos EUA, gente que tinha colaborado com os nazis na
segunda guerra mundial a quem o governo americano deu asilo político
apresentando-os ao mundo como democratas.
Quando
Reagan foi eleito presidente dos EUA e iniciou a sua campanha anticomunista na
década de 1980, renovou-se a propaganda dos "milhões de mortos na
Ucrânia". Em 1984 um professor da Universidade de Harvard editou um livro
com o titulo de "Human life in Rússia" (Vida humana na Rússia) em que
estava incluido o material falso da imprensa nazi de Hearst de 1934. Em 1984
foram assim reeditadas as mentiras e falsificações nazistas dos anos 30, mas
agora com a capa respeitável de uma universidade americana. Mas a história não
fica por aqui.
Já em
1986 saiu mais um livro sobre o tema, com o titulo "The Harvest of
Sorrow", escrito pelo anterior agente da policia secreta britanica Robert
Conquest que é hoje professor da Universidade de Stansfort na
California. Pelo "trabalho" com o livro Conquest recebeu 80.000
dolares da Ukraina National Association. A mesma assossiação pagou também um
filme feito em 1986, o "The Harvest of Despair", em que, entre outras
coisas, se utilizou o material de Conquest. Nesta altura já os números
apresentados nos EUA dos "mortos de fome na Ucrânia" iam em 15
milhões de pessoas!
No
entanto os milhões de mortos de fome na Ucrânia apresentados na imprensa
americana de Hearst e a sua utilização em livros e filmes era material
completamente falso. O jornalista canadiano Douglas Tottle demonstrou
rigorosamente essa falsificação no seu livro "Fraud, Famine and Fascism,
The Ukrainian Genocide Myth from Hitler to Harvard" editado em Toronto em
1987. Entre outras coisas Tottle mostrou
que o material fotográfico apresentado, fotografias horriveis de crianças
esfomeadas, foi tirado de publicações do ano de 1922 numa altura em que milhões
de pessoas morreram na guerra e de fome, quando oito exércitos estranjeiros
invadiram a União Soviética durante a guerra civil de 1918 - 1921.
Douglas Tottle apresenta também os factos sobre a reportagem da fome, feita em
1934 e demonstra a mixórdia de mentiras publicadas na imprensa de Hearst.
O
jornalista que durante muito tempo tinha enviado reportagens e fotografias das
chamadas zonas da fome, um certo Thomas Walter, nunca tinha estado na Ucrânia,
mas apenas estado em Moscovo durante cinco dias. Este facto foi revelado pelo
jornalista Louis Fischer, o então correspondente de Moscovo do jornal americano
The Nation. Fisher revelou também que o jornalista M. Parrott, o verdadeiro
correspondente em Moscovo da imprensa de Hearst, tinha enviado a Hearst
reportagens que nunca foram publicadas, sobre as ceifas com muito bons
resultados em 1933 na União Soviética e sobre uma Ucrânia soviética em
desenvolvimento. Tottle mostra-nos também que o jornalista que fez as
reportagens sobre a suposta fome para Hearst, o tal Thomas Walker, na realidade
se chamava Robert Green, um condenado escapado da prisão estatal do Colorado!
Este Walker, ou seja Green, foi preso no retorno aos EUA e confessou em
tribunal nunca ter estado na Ucrânia. Todas estas mentiras sobre os milhões de
mortos de fome na Ucrânia nos anos 30, uma fome que teria sido provocada por
Stáline, só vieram a ser conhecidas e desmascaradas em 1987!
O
nazista Hearst, o agente da policia Conquest e outros, têm intrujado milhões de
pessoas com as suas mentiras e falsas reportagens. Ainda hoje aparecem as
histórias do nazi Hearst em livros recem editados, de escritores pagos pela
direita.
A
imprensa de Hearst com uma posição monopolista em muitas cidades nos EUA e com
agencias de notícias em todo o mundo foi o grande megafone da Gestapo. Num
universo dominado pelo capital monopolista foi possivel à imprensa de Hearst
transformar as mentiras da Gestapo em verdades e faze-las sair em muitos
jornais, estações de radio e mais tarde na televisão em todo o mundo. Quando a
Gestapo desapareceu, continuou a guerra suja da propaganda contra o socialismo
e a União Soviética, agora com a CIA como patrão. As campanhas anticomunistas
na imprensa americana continuaram na mesma escala. "Business as
usual" - negócio como sempre, primeiro a Gestapo, depois a CIA.
Robert Conquest
- o centro dos mitos
Este
homem amplamente citado na imprensa burguesa, um verdadeiro oráculo para a
burguesia, merece aqui uma apresentação muito concreta. Robert Conquest é um
dos autores que mais tem escrito sobre os "milhões de mortos na União
Soviética", na realidade o verdadeiro "pai" de quase todos os
mitos e mentiras sobre a União Soviética, difundidos depois da segunda guerra
mundial. Conquest é conhecido principalmente pelos seus livros "O grande
terror", de 1969, e "Harvest of Sorrow" (Colheita de amargura)
de 1986. Conquest escreve sobre milhões de mortos de fome na Ucrânia, nos
campos de trabalho Gulag e durante os processos de 1936 a 1938 utilizando como
fontes de informação os exilados ucranianos nos EUA pertencentes aos partidos
de direita que haviam colaborado com os nazistas na segunda guerra mundial.
Muitos dos heróis de Conquest são conhecidos como criminosos de guerra que
comandaram e participaram no genocidio dos judeus na Ucrania. Um destes é Mykola Lebed, condenado como criminoso de guerra depois da
segunda guerra mundial. Lebed era o chefe de segurança em Lvov durante a
ocupação nazi e as terriveis perseguições aos judeus em 1942. Em 1949 a CIA
levou Lebed para os Estados Unidos onde tem trabalhado como desinformador.
O estilo
nos livros de Conquest é de um anticomunismo violento e fanático. No livro de
1969 diz-nos Conquest que o número de mortos na fome na União Soviética nos
anos 1932-33 foi de 5 a 6 milhões de pessoas, metade delas na Ucrânia. Mas em
1983, durante a campanha anticomunista de Reagan, já Conquest aumentava os anos
de fome até 1937 e os mortos até 14 milhões! Tal declaração valeu-lhe um
trabalho bem pago quando em 1986 foi escolhido por Reagan para escrever o
material do livro da campanha presidencial com o fim de preparar o povo
americano para uma invasão soviética... O livro chama-se "Que fazer quando os russos vierem, um
manual de sobrevivencia"! Um trabalho estranho para um professor
de história...
Na
realidade, isto não é estranho para um homem que em toda a sua vida tem vivido
à custa de mentiras e histórias inventadas sobre a União Soviética e Stáline,
primeiro como agente da polícia e depois como escritor e professor da
Universidade de Stansfort na California. O passado de Conquest foi exposto no jornal
The Gardian em 27 de Janeiro de 1978, num artigo que o apontava como um
ex-agente do departamento de desinformação IRD - Information Research
Departement, do serviço secreto inglês. O IRD foi uma secção iniciada em 1947
(com o nome inicial de Communist
Information Department) tendo como tarefa principal combater a influência
dos comunistas em todo o mundo através de "plantar" histórias
escolhidas no seio dos politicos, jornalistas e todos os que influenciavam a
opinião pública.
As
actividades do IRD eram muito amplas, tanto em Inglaterra como no exterior.
Quando o IRD teve que ser formalmente extinto em 1977, por causa de contactos
com a extrema direita, verificou-se que, só em Inglaterra, mais de 100 dos
jornalistas mais conhecidos tinham pessoalmente um contacto com um agente do
IRD que regularmente dava ao "seu" jornalista material para os
artigos a escrever. Isto era rotina nos grandes jornais ingleses tais como o
Financial Times, Times, Observer, Sunday Times, Telegraph, Ekonomist, Daily
Mail, Mirror, Express, Guardian e outros. Os factos apresentados pelo jornal
The Gardian dão-nos assim uma indicação de como a policia politica dirige as
noticias que chegam ao grande público.
Robert
Conquest foi agente da IRD desde o começo desta secção da policia secreta e até
1956. O "trabalho" de Conquest era escrever as chamadas
"histórias negras" sobre a União Soviética, histórias falsas
consideradas como factos, a serem distribuidas a jornalistas e outras pessoas
com infuencia na opinião pública. Depois de ter formalmente deixado a IRD,
Conquest continuou a escrever textos propostos pela IRD e com o apoio dessa
polícia. O seu livro "O grande Terror", livro básico da direita sobre
os "milhões de mortos" durante a luta partidária na União Soviética
em 1937, é na realidade um compilado de textos que ele escreveu durante a sua
vida como agente da IRD. O livro foi acabado e publicado com o apoio da IRD. Um
terço dos livros impressos foram comprados pela editorial Praeger que
normalmente é conhecida por publicar literatura com origem na polícia política
americana, a CIA.
O livro de Conquest tem
sido utilizado para ser dado como presente aos chamados "idiotas
úteis", a
professores universitários e a gente que trabalha na imprensa, rádio e
televisão, para garantir que as mentiras de Conquest e da extrema-direita
continuem a ser espalhadas por grandes camadas da população. Conquest é ainda
hoje uma das fontes mais importantes onde os historiadores de direita vão
buscar material sobre a União Soviética.
Alexander Soljenitsyne
Uma
outra pessoa sempre associada a livros e artigos de jornal sobre supostos
milhões de mortos e presos na União Soviética é o russo Alexander Soljenitsyne.
Soljenitsyne tornou-se conhecido no mundo capitalista nos fins dos anos 60 com
o seu livro "O Arquipélago de Gulag", sobre a situação dos presos nos
campos de trabalho na União Soviética. Ele mesmo esteve preso oito anos
condenado por actividades contra-revolucionárias em 1946, por ter distribuido
propaganda contra o povo da União Soviética. Segundo Soljenitsyne, a luta
contra a Alemanha nazi na segunda guerra mundial tinha sido uma luta
desnecessária e todos os sofrimentos impostos ao povo soviético pelos nazis
podiam ter sido evitados, se o governo soviético tivesse feito um compromisso
com Hitler. Soljenitsyne acusou também o governo soviético e Stáline de serem
ainda piores que Hitler e, como ele dizia, pelos terríveis resultados da guerra
para o povo da União Soviética. Soljenitsyne não escondia a sua simpatia pelos
nazistas. Foi condenado como traidor.
Solzhenitsyn
começou em 1962 a publicar livros na União Soviética com o consentimento e
ajuda de Nikita Krustchov, sendo o primeiro livro publicado "Um dia na
vida de Ivan Denisovitjs" sobre a vida de um preso. Krustchov utilizava os
textos de Soljenitsyne para combater a herança socialista de Stáline. Soljenitsyne
ganhou em 1970 o Prémio Nobel da literatura com o livro "O Arquipelago de
Gulag". Os seus livros começaram então a ser publicados em grandes
quantidades nos países capitalistas, tornando-se o autor um dos instrumentos
mais importantes do imperialismo no combate ao socialismo e à União Soviética.
Aos seus textos sobre os campos de trabalho juntou-se outra propaganda sobre os
supostos milhões de mortos na União Soviética o que foi utilizado nos mass-media
capitalistas como sendo verdades. Em 1974 Soljenitsyne deixou a seu pedido de
ser cidadão soviético emigrando para a Suiça e mais tarde para os Estados
Unidos. Nesta altura era considerado na imprensa capitalista como o maior
lutador pela liberdade e democracia. As suas simpatias nazis foram enterradas
para não perturbar a guerra de propaganda contra o socialismo.
Nos
Estados Unidos, Soljenitsyne foi convidado muitas vezes para fazer intervenções
em reuniões importantes. Ele foi por exemplo o principal orador no congresso
dos sindicatos AFL-CIO em 1975 e em 15 de Julho de 1975 foi convidado para
fazer um discurso sobre a situação no mundo,no Senado dos EUA!
Os
discursos de Soljenitsyne eram de uma agitação violenta e provocativa,
argumentando e fazendo propaganda pelas ideias mais reacionárias. Entre outras
coisas bateu-se por novos ataques ao Vietnam depois da vitória deste sobre os
EUA. E mais: depois de 40 anos de
fascismo em Portugal, quando os oficiais do exército tomaram o poder na revolução popular de 1974,
Soljenitsyne começou a fazer propaganda por uma intervenção militar dos EUA em
Portugal, que, dizia ele, iria ser membro do tratado de Varsóvia se os EUA não
interviessem!
Nos seus
discursos, Solzhenitsyn lamentava sempre a libertação das colónias portuguesas
em África.
Mas é
claro que o ponto principal dos discursos de Soljenitsyne era sempre a guerra
suja contra o socialismo. Desde execuções supostas de milhões e milhões de
pessoas na União Soviética até às dezenas de milhares de americanos presos e
escravisados que Soljenitsyne dizia existirem no Vietnam do Norte! Foi esta
ideia de Soljenitsyne de americanos utilizados como escravos no Vietnam do
Norte que deu origem aos filmes Rambo sobre a guerra do Vietnam.
Os
jornalistas americanos que tinham ousado escrever sobre paz entre os EUA e a
União Soviética eram acusados por Soljenitsyne nos seus discursos como sendo
traidores potenciais. Soljenitsyne fazia também propaganda por um aumento da
capacidade militar dos EUA contra a União Soviética, que ele dizia ser mais
poderosa em "tanques e aviões, de cinco a sete vezes mais que os EUA"
e em armas atómicas que "em breve" seriam "duas, três e por fim
cinco" vezes mais potentes que as dos EUA. Os discursos de Soljenitsyne
nos EUA eram a voz da extrema-direita, mas ele iria ainda mais longe, mais à
direita, em apoio público ao fascismo.
Em apoio
do fascismo de Franco
Depois
da morte de Franco em 1975 o regime fascista espanhol começou a perder o controlo
da situação politica e no começo de 1976 os acontecimentos em Espanha tomaram
um carácter tal que cativaram a opinião pública mundial. Greves e demonstrações
exigiam democracia e liberdade e o herdeiro de Franco, o rei Juan Carlos, foi
obrigado a iniciar uma liberalisação muito cuidadosamente, para acalmar a
agitação social. Ora neste momento importante para a vida politica espanhola,
aparece Alexander Soljenitsyne em Madrid e dá uma entrevista ao programa
"Directisimo" um sábado á noite, em 20 de Março, na melhor hora
televisiva (jornais ABC e Ya de 21 de Março de 1976). Soljenitsyne que tinha
recebido as perguntas preiamente, utilizou a oportunidade para fazer todo o
tipo de declarações reaccionárias. A sua intenção não foi de dar um apoio à
chamada liberalisação do rei. Ao contrário, Soljenitsyne prevenia as pessoas
contra as reformas democráticas.
Na sua
intervenção na televisão declarou que "Cento e dez milhões de russos
morreram vítimas do socialismo" e comparou "a escravidão a que
estavam submetidos os soviéticos à liberdade que se disfrutava em
Espanha". Soljenitsyne acusou também os "círculos progressistas"
de "utópicos" por considerarem Espanha como uma ditadura. Os
progressistas eram toda a oposição democrática de liberais a social-democratas
e comunistas. "No Outono passado - disse Soljenitsyne - a opinião pública mundial
estava preocupada com a sorte dos terroristas espanhóis (referia-se aos cinco
antifascistas condenados à morte e executados pelo regime de Franco). Cada vez
mais a opinião pública progressista exige reformas políticas imediatas, ao
mesmo tempo que apoia os actos terroristas". "Os que querem reformas
democráticas rápidas, saberão o que virá a suceder amanhã ou depois de amanhã?
A Espanha, amanhã poderá ter democracia, mas depois de amanhã, saberá não cair
no totalitarismo depois da democracia?" Às perguntas cuidadosas dos jornalistas
se tais declarações não podiam ser vistas como um apoio a regimes de países
onde não existia liberdade respondeu Soljenitsyne que "eu conheço somente
um sítio onde não há liberdade, esse sítio é a Rússia". As declarações de Soljenitsyne
na televisão espanhola foram um apoio directo ao fascismo espanhol, uma
ideologia que ele ainda hoje apoia.
Esta é
uma das razões porque Soljenitsyne desapareceu cada vez mais dos discursos
públicos durante os seus 18 anos de exilio nos EUA e uma das causas porque os
governos capitalistas não lhe dão total apoio politico. Para os capitalistas
foi uma benção dos céus poder utilizar um homem como Soljenitsyne na guerra
suja contra o socialismo, mas tudo tem os seus limites.
Na nova
Rússia capitalista o que dicide o apoio do mundo ocidental aos grupos politicos
é pura e simplesmente a possibilidade de fazer bons negócios com bons lucros ao
abrigo da política desses grupos. O fascismo como alternativa política para a
Rússia não é considerado como politica que estimule os negócios. Por isso o
projecto político de Soljenitsyne para a Rússia é letra morta no que diz
respeito a apoio do mundo ocidental.
É que Soljenitsyne quer
como futuro político para a Rússia a volta do regime autoritário dos Czares, em
ligação com a igreja tradicional russa-ortodoxa! Nem os imperialistas mais
arrogantes estão interessados em apoiar uma estupidez politica deste calibre.
Para encontrar apoio a Soljenitsyne no mundo ocidental há que rebuscar na
idiotia intelectual da extrema-direita.
Nazis, polícias e fascistas!
Assim
são eles, os mais dignos representantes dos mitos burgueses dos "milhões
de mortos e presos na União Soviética" - o nazi William Hearst, o agente
da polícia Robert Conquest e o fascista Alexander Soljenitsyne. Conquest tem
tido o papel principal, sendo as suas informações utilizadas pelos mass-medias
capitalistas em todo o mundo e formando inclusivamente uma escola dentro de
certas universidades. O trabalho de Conquest é sem dúvida um trabalho de
desinformação policial de primeira classe. Na década de 1970 Conquest teve uma
grande ajuda de Soljenitsyne e de uma série de figuras de segunda com Andrei
Sakharov e Roy Medvedev. Além disso apareceu um pouco por todo o mundo uma
série de especuladores em mortos e presos a quem a imprensa burguesa sempre
pagou a preço de ouro. Mas a realidade dos factos foi por fim apresentada e
mostra a verdadeira cara de todos estes falsificadores da história. A ordem de
Gorbatchov para abrir os arquivos secretos do Partido à investigação histórica
teve consequências que ninguém podia prever.
Os arquivos mostram as
mentiras da propaganda
A
especulação sobre milhões de mortos na União Soviética é uma parte da guerra
suja de propaganda contra a União Soviética e por isso mesmo os desmentidos e
esclarecimentos oficiais dos soviéticos nunca foram levados a sério e nunca
tiveram lugar na imprensa capitalista. Eram, pelo contrário, alvo de troça,
enquanto que aos "especialistas" comprados pelo capital foi dado todo
o espaço requerido para difundirem as suas fantasias. Que fantasias eram
realmente! O que os milhões de mortos e presos proclamados por Conquest e
outros "criticos" têm de comum, é que são produto de apróximações
estatísticas falsas e métodos de avaliação sem base científica.
Métodos falsos dão milhões
de mortos
Conquest,
Soljenitsyne, Medvedev e outros utilizaram-se
de estatística publicada pela União Sovética, por exemplo escrutínios nacionais
da população, aos quais adicionaram um suposto aumento populacional sem ter em
conta a situação real existente no país. Assim, chegaram à conclusão de quantas
pessoas deveria de haver no país no final de certos anos. As pessoas que
faltavam eram apresentadas como mortos e presos à conta do socialismo.
Um método simples mas totalmente falso.
Este
tipo de "revelação" de acontecimentos políticos tão importantes nunca
passaria se a "revelação" fosse sobre o mundo ocidental. Nesse caso
teria havido com toda a certeza professores e historiadores que se levantariam
contra tal falsificação. Mas como o que estava em causa era a União Soviética,
a falsificação tem passado. Um dos motivos é certamente o de que professores e
historiadores põem as possibilidades de avançar na carreira profissional em
primeiro lugar e só muito depois a honra profissional.
Em números, quais foram afinal as conclusões dos "criticos"?
Segundo
Robert Conquest (numa avaliação feita em 1961) tinham morrido 6 milhões de
pessoas de fome na União Soviética no principio dos anos 30. Este número foi
aumentado por Conquest para 14 milhões em 1986. No que diz respeito aos campos
de trabalho Gulag, estavam ali detidos, segundo Conquest, 5 milhões de presos
em 1937, antes das depurações no partido no exército e no estado terem
começado. Depois das depurações começarem, vieram segundo Conquest, durante
1937-38, mais 7 milhões de presos o que faz um resultado de 12 milhões de
presos nos campos de trabalho em 1939! E não esqueça o leitor que estes 12
milhões do Conquest são SOMENTE os presos politicos! Nos campos de trabalho
havia também criminosos de delito comum, os quais, segundo Conquest seriam em
número muito maior que os presos politicos. Isto significa que, segundo
Conquest, havia cerca de 25-30 milhões de presos nos campos de trabalho na
União Soviética.
Também
segundo Conquest foram executados em 1937-39 um milhão de presos politicos
enquanto que 2 milhões morreram à fome. Resultado final das depurações de
1937-39 segundo Conquest, 9 milhões de presos politicos e 3 milhões de mortos!
Estes números foram em seguida submetidos a "apreciações
estatísticas" por Conquest para concluir que os bolcheviques tinham morto
nada menos que 12 milhões de presos políticos entre 1930 e 1953. Juntando esses
números aos mortos de fome nos anos 30, chega Conquest à conclusão de que os
bolchviques haviam morto 26 milhões de pessoas. Numa úlitma apreciação
estatística, diz Conquest que em 1950 havia 12 milhões de presos na União
Soviética!
Alexander
Soljenitsyne utilizou mais ou menos as mesmas apreciações estatísticas que
Conquest. Mas, usando os métodos pseudo-científicos com outras premissas, chega
ainda a conclusões mais extremas. Soljenitsyne aceita os numeros de Conquest de
6 milhões de mortos na fome de 1932-33; no entanto, com respeito às depurações
de 1936-39 considera que morreram no mínimo 1 milhão por ano! Fazendo um resumo,
diz-nos Soljenitsyne que desde as colectivações da agricultura até à morte de
Stáline em 1953, tinham os comunistas morto 66 milhões de pessoas na União
Soviética. Além disso aponta o governo soviético como culpado pela morte de 44
milhões de russos que ele afirma terem morrido na segunda guerra mundial. A
conclusão de Soljenitsyne é que "110 milhões de russos morreram, vítimas
do socialismo". No que diz respeito a presos, diz-nos Soljenitsyne, que o
número de pessoas nos campos de trabalho em 1953 era de 25 milhões!
Gorbatchov abre os
arquivos
A
colecção de números fantásticos acima apresentada, um produto de fantasias
muito bem pagas, tem saído na imprensa burguesa desde os anos 60, tendo esses
números sempre sido apresentados como factos verdadeiros obtidos na base de
métodos científicos. Por detrás desta falsificação estão as policias políticas
ocidentais, principalmente a americana CIA e a inglesa MI5. O impacto dos mass-media
na ópinião publica é tão grande que os números hoje são ainda considerados
verdadeiros em grandes camadas das populações dos países ocidentais. Esta
situação penosa tem piorado. Na própria União Soviética onde Soljenitsyne e
outros criticos conhecidos, como Andrei Sacharov e Roy Medvedev, não
encontravam nenhum apoio para os números fantásticos, houve uma mudança significativa
em 1990. Na nova "imprensa livre" durante Gorbatchov, tudo o que se
opunha ao socialismo era apresentado como positivo, o que teve consequências
desastrosas. Uma inflação sem igual começou a aumentar a quantidade de mortos e
presos durante o socialismo, que agora se misturavam num só grupo de dezenas de
milhões de "vitimas" dos comunistas.
A histeria na nova imprensa livre de Gorbatchov levou por diante as
mentiras de Conquest e Soljenitsyne.
Ao mesmo tempo, foram abertos por Gorbatchov os arquivos do Comité Central para
investigação histórica, o que era exigido pela imprensa livre. A abertura dos
arquivos do Comité Central do Partido Comunista é, na realidade, a questão
central desta história confusa, isto por duas razões. Em parte porque nos
arquivos se encontram todos os factos que podem esclarecer a verdade. Mas ainda
mais importante porque todos os especuladores de mortos e presos na União
Soviética têm dito durante anos e anos que no dia em que os arquivos se
abrissem os números por eles apresentados seriam confirmados! Todos os
especuladores em mortos e presos afirmaram que assim seria, todos: Conquest, Soljenitsyne, Sacharov, Medvedev e os
demais. Mas quando os arquivos foram abertos e os estudos dos documentos
existentes começaram a ser publicados, aconteceu uma coisa muito estranha.
De repente, já nem a imprensa livre de
Gorbatchov nem os especuladores em presos e mortos estavam interessados nos
arquivos!
Os resultados das investigações feitas nos arquivos do Comité Central pelos
historiadores russos Zemskov, Dougin e Xlevnjuk que se começaram a publicar em
1990 em revistas científicas, passaram totalmente despercebidos! Os relatórios
com os resultados das investigações históricas iam contra a corrente da
inflação em mortos e presos da imprensa ‘livre’ mas permaneceram desconhecidos.
Os relatórios foram publicados em revistas cientificas de pouca venda,
práticamente desconhecidas do grande público.
Os relatórios cientificos não podiam concorrer com a histeria da imprensa,
ganhando as mentiras de Conquest e Soljenitsyne
o apoio de muitas camadas da população na União Soviética, hoje Rússia. Também
no ocidente, os relatórios dos investigadores russos sobre o sistema
correccional durante Stáline, passaram sem noticías de primeira página ou
reportagens na televisão. Porquê?
O que dizem os relatórios dos investigadores russos?
Os relatórios da investigação do sistema correctivo
soviético são expostos num trabalho com cerca de 9.000 páginas. Os investigadores que
escreveram os relatórios são vários, sendo os mais conhecidos os históriadores
russos V.N. Zemskov, A.N. Dougin e O.V. Xlevnjuk. O seu trabalho foi começado a
publicar em 1990, estando em 1993 praticamente acabado e totalmente publicado
na Rússia. Os relatórios da investigação chegaram ao conhecimento do ocidente
em colaboração com investigadores de diversos países ocidentais. Os dois
trabalhos conhecidos pelo autor deste texto, são o trabalho apresentado em
França na revista L'Histoire em Setembro de 1993 por Nicolas Werth, chefe
investigador do instituto francês de investigação científica, CNRS, (Centre
National de la Recherche Scientifique) e o trabalho publicado nos EUA na revista
The
American Historical Review por J. Arch Getty, professor de história da
Universidade da California, Riverside em conjunto com G.T. Rettersporn,
investigador do instituto francês de investigação CNRS e o investigador russo
V.N. Zemskov do instituto de História Russa da Academia das Ciencias Russa.
Existem
também hoje em dia livros sobre o assunto escritos pelos investigadores acima
mensionados ou por outros investigadores dos mesmos grupos de investigação. Antes de entrarmos no assunto quero deixar
aqui esclarecido, para que não haja confusão futura, que nenhum dos cientistas
envolvidos nestes trabalhos tem uma visão socialista do mundo, mas sim um
compreesão burguesa e anti-socialista, muitas vezes bastante reaccionária.
Isto dito para que o leitor não pense que o que se vai expor é produto de uma
"conspiração comunista". O que
acontece quando os investigadores acima citados, desfazem completamente as
mentiras de Conquest, Soljenitsyne, Medvedev e outros, é que
o fazem simplesmente pelo facto de que põem a honra profissional em primeiro
lugar e não se deixam comprar para efeitos de propaganda.
Os
relatórios de investigação russos dão resposta a uma quantidade muito grande de
perguntas sobre o sistema correccional soviético. Para nós é o tempo de Stáline
que é o mais interessante para estudar, pois é aí que está a causa da discussão.
Nós pomos algumas perguntas muito concretas e procuramos as respostas no
material das revistas L'Histoire (L'H) e The American Historical Review (AHR).
Esta será a melhor maneira de pôr em debate algumas das partes mais importantes
do sistema correccional soviético. As perguntas são as seguintes:
1. O que
era o sistema correccional soviético?
2. Qual
era o número de presos, "politicos" e de delito comum?
3. Quantos
mortos houve nos campos de trabalho?
4. Quantos foram os
condenados à morte até 1953 e em especial durante as depurações de 1937-38?
5. Qual
era, em geral, o tempo de prisão?
Depois
de termos respondido às 5 perguntas, pomos em discussão as penas impostas aos
dois grupos mais debatidos, quando a questão dos presos e mortos na União
Soviética se põe, nomeadamente os kulakos condenados em 1930 e os contra-revolucionários
de 1936-38.
Os campos de trabalho no sistema correcional
Comecemos
com a pergunta 1
Sobre o
sistema correcional soviético.
Depois
de 1930 o sistema correcional soviético compreendia prisões, campos de trabalho
e colónias de trabalho do Gulag, zonas especiais abertas e pagamento de multas.
Aquele que recebesse voz de prisão era geralmente colocado numa prisão normal
enquanto se faziam as investigações que poderiam demonstrar a sua inocencia e
dar-lhe liberdade ou levar o caso a julgamento. O acusado levado a julgamento
podia ser considerado inocente e ganhar a liberdade ou caso fosse julgado
culpado condenado a uma pena de multa, prisão ou. em casos mais raros, pena de
morte. A pena de multa podia ser uma certa percentagem do salário durante um
certo tempo. Os acusados julgados a pena de prisão podiam ser postos em
diferentes tipos de prisão dependendo do tipo de crime.
Para os
campos de trabalho Gulag iam os criminosos de crimes graves (homicidio, roubo,
violação, crimes económicos, etc.) e uma grande parte dos condenados por
actividades contra-revolucionárias. Outros crminosos com pena superior a três
anos podiam também ser postos em campos de trabalho. Depois de um tempo num
campo de trabalho o preso podia ser mudado para uma colónia de trabalho ou uma
zona especial aberta. Os campos de trabalho eram zonas muito grandes onde os
condenados viviam e trabalhavam debaixo de um grande controlo. Trabalhar e não ser um peso para a
sociedade era coisa evidente, nenhuma pessoa saudável passava sem trabalhar.
Pode ser que alguém hoje em dia pense que isto é terrivel, mas esta era a
realidade. O número de campos de trabalho era de 53 em 1940. As colónias de
trabalho do Gulag eram 425, unidades muito mais pequenas que os campos de
trabalho e com um regime mais livre e com menos controlo. Para aí iam os presos
com penas de prisão mais pequenas, tanto de delito comum ou políticos,
trabalhando em liberdade em fábricas e na agricultura, que eram uma parte da
economia da sociedade civíl. Na maioria dos casos o salário desses trabalhos
revertia por inteiro ao condenado, em igualdade com os outros trabalhadores.
As zonas
especiais abertas eram em geral zonas agrícolas para as quais eram exilados os
kulakos que tinham sido expropriados durante a colectivação. Outros condenados
por penas menores ou actividades contra-revolucionárias podiam também cumprir
as penas nestas zonas.
454 Mil e não 9 milhões!
Segunda pergunta
Qual era o número de
presos "politicos" e de delito comum?
A
questão inclúi os presos nos campos de trabalho e nas colónias de trabalho do
Gulag e nas prisões, ainda que tendo em conta que a privação da liberdade nas
colónias de trabalho era na maioria dos casos reduzida. Vejamos os números do
quadro abaixo do material da AHR respeitante ao periodo de vinte anos a começar
em 1934 quando o sistema correcional foi reunido numa administração central e
até 1953 quando Stáline morreu.
Tabela de The American Historical Review
Da tabela acima há uma série de conclusões a tirar. Para começar podemos
comparar os números da tabela com os de Robert Conquest. Este diz-nos que em
1939 havia 9 milhões de presos politicos nos campos de trabalho e que 3 milhões
mais tinham morrido durante o periode de 1937-39. Não esqueça o leitor que os
números de Conquest se referem apenas a presos políticos! Além desses, diz-nos
Conquest que havia os presos de delito comum que segundo ele eram em muito maior
número que os "políticos". Em 1950 havia segundo Conquest 12 milhões
de presos politicos! Com os factos na mão podemos ver agora o falsificador que
este Conquest na realidade é. Não há um único número que corresponda à
realidade. No ano de 1939 havia em todos os campos, colónias e prisões cerca de
2 milhões de presos. Desses eram 454 mil condenados por crimes politicos e não
9 milhões como Conquest afirma. Os mortos nos campos de trabalho de 1937 a 1939
foram cerca de 160 mil e não 3 milhões como diz Conquest. No ano de 1950 havia
nos campos de trabalho 578 mil presos por crimes politicos e não 12 milhões.
Não esqueça o leitor que este Robert Conquest ainda hoje é uma das fontes mais
importantes da propaganda da direita contra o comunismo. Para os pseudo-intelectuais
da direita Conquest é como um deus. No
que diz respeito aos números de Alexander Soljenitsyne, os 60 milhões de mortos nos
campos de trabalho, não há necessidade de comentários, o ridiculo da afirmação
é evidente. Só uma mente enferma pode afirmar tais fantasias.
Deixemos agora os falsificadores e façamos uma análise concreta das
estatisticas do Gulag. A primeira questão que se põe é o que pensar do número
de pessoas no sistema correccional. Que significado tem o número mais alto de
2,5 milhões? Cada pessoa posta em prisão é um testemunho de que a sociedade
ainda não se desenvolveu para poder dar a cada cidadão o necessário para uma
vida positiva. Vendo as coisas desta maneira são os 2,5 milhões uma nota
negativa para a sociedade.
A ameaça interna e externa
Mas ao número de pessoas abrangidas pelo sistema correccional tem que ser
dada uma explicação mais concreta. A União Soviética era um país que
recentemente tinha deixado o feudalismo e a herança social no que diz respeito
ao valor humano era muitas vezes um peso para a sociedade. No sistema antigo
com os Csares, os trabalhadores eram obrigados a viver numa miséria profunda e
a vida humana não tinha muito valor. Roubos e crimes violentos eram punidos com
uma violência sem limites. Revoltas contra a monarquia acabavam usualmente com
massacres, condenações à morte e penas de prisão muito grandes. Estas relações
sociais e a maneira de pensar com elas relacionada levam muito tempo a mudar,
tendo isto influenciado o desenvolvimento da sociedade na União Soviética e
também a criminalidade no país.
Outro factor a ter em conta é que a União Soviética, um país que nos anos
trinta tinha cerca de 160-170 milhões de habitantes, estava fortemente ameaçada
por potências estrangeiras. Na base das grandes mudanças politicas na Europa na
década de 1930, vinha a principal ameaça de guerra da Alemanha nazi, ameaça
contra a sobrevivencia dos povos eslavos, constituindo também as democracias
ocidentais um bloco com intenções intervencionistas. Esta situação muito séria
foi resumida por Stáline em 1931 com as seguintes palavras "Estamos
atrasados entre 50 a 100 anos em relação aos países avançados.
Temos que percorrer esta distância em 10 anos. Ou o fazemos ou seremos
arrasados". Dez anos depois, em 22 de Junho de 1941, a União Soviética era invadida pela
Alemanha nazi e os seus aliados. A sociedade soviética foi obrigada a grandes
esforços durante o decénio de 1930-40, sendo a maior parte dos recursos
utilizados nos preparativos de defesa para a guerra contra os nazis. Isto fez com que as pessoas tivessem uma
vida de trabalho sem grandes compensações a nível pessoal. A reforma de 7
horas de trabalho diário teve que ser retirada em 1937 e em 1939 eram quase
todos os domingos dia de trabalho. Num
periodo dificil como este em que uma grande guerra determinou o desenvolvimento
social durante duas décadas, 1930 e 1940, uma guerra que custou à União
Soviética 25 milhões de vidas perdidas e metade do país em cinzas, aumentou a
criminalidade quando as pessoas tentavam obter aquilo que a vida não lhe podia
dar.
Durante este tempo muito dificil na União Soviética havia como máximo 2,5
milhões de pessoas no sistema correcional ou seja 2,4% da população adulta.
Como se poderá avaliar este número? É muito ou pouco? Façamos uma comparação.
Mais presos nos EUA
Por exemplo nos Estados Unidos
da América, um país com 252 milhões de habitantes em 1996, o país mais rico do
planeta que consome sózinho 60% dos recursos mundiais, quantas pessoas há no
sistema correcional? Qual é a situação neste país
que não é ameaçado por nenhuma guerra e onde não existem mudanças sociais que
possam ameaçar a estabilidade económica? Numa notícia (bem pequena) nos jornais
em Agosto de 1997, do serviço de notícias FLT-AP dizia-se que nos EUA "nunca
anteriormente tinham existido tantas pessoas no sistema correcional como 5,5
milhões em 1996". Isto representa um aumento de 200 mil pessoas desde 1995
o que faz com que o número de criminosos nos EUA "seja 2,8% da população
adulta". Estes dados vêm todos do departamento de justiça norte-americano.
O número de pessoas condenadas como
criminosas nos EUA é hoje superior em 3 milhões ao que foi o máximo na União
Soviética! Na União Soviética houve no máximo 2,4% da população adulta
condenada por crime - nos EUA estão condenados 2,8% e a quantidade continua a
crescer! Segundo um comunicado à imprensa do departamento de justiça dos EUA de
18 de Janeiro de 1998, aumentou o número de presos nos EUA em 1997 com 96.100
pessoas.
E no que diz respeito aos campos de trabalho soviéticos é verdade que era
um regime duro e dificil para os presos, mas veja-se bem como é hoje a situação
nas prisões nos EUA onde por todo o lado existe violência, drogas, protituição
e escravatura sexual (290.000 violentados por ano nas prisões dos EUA). Ningém se sente em segurança nas prisões
nos EUA! Isto num tempo moderno, na sociedade mais rica de sempre!
Um factor importante - falta de medicamentos
Respondamos agora à pergunta número 3
Quantos
foram os mortos nos campos de trabalhos?
Os casos de morte nos campos de trabalho variaram nuito de ano para ano,
de 5,2% em 1934 a 0,3% em 1953. Os casos de morte nos
campos de trabalho eram causados pela falta de recursos na sociedade, em
primeiro lugar falta de medicamentos para combater epidemias. Este problema não
era especifico dos campos de trabalho, existindo igualmente na sociedade em
geral como também na grande maioria dos países do mundo. Depois dos
antibióticos terem sido descobertos e começado a ser utilizados depois da segunda
guerra mundial, a situação modificou-se radicalmente. Na realidade, os anos
mais dificeis foram os anos de guerra quando o barbarismo nazi obrigou todos os
cidadãos da União Soviética a viver uma vida muito dura. Durante estes quatro anos morreram nos campos de trabalho mais de meio
milhão de presos o que é mais de metade de todos os mortos durante 20 anos.
Não esqueçamos que no mesmo periodo, nos anos da guerra, morreram 25 milhões de
pessoas na sociedade ‘livre’. Quando as condições na União Soviética melhoraram
no decénio de 1950 e com o uso de antibióticos o número de mortos entre os
presos diminuiu para 0,3%.
Vejamos
agora a pergunta número 4
Quantos foram os condenados à morte até 1953 e em especial durante as
depurações de 1937-38? Já vimos os números de Robert Conquest de 12 milhões de
presos politicos que os bolcheviques teriam matado nos campos de trabalho de 1930 a 1953, dos quais 1 milhão em 1937-38. Os
números de Soljenitsyne são de dezenas de milhões de
mortos nos campos de trabalho, dos quais 3 milhões foram mortos em 37-38. Mas
ainda tem havido números mais elevados citados na propaganda suja contra a
União Soviética. A russa Olga Shatunovskaia, por exemplo, dá-nos um número de 7
milhões de mortos nas depurações de 1937-38!
Mas os documentos dos arquivos soviéticos agora publicados dão-nos uma
informação diferente. É preciso dizer em primeiro lugar que os números dos
condenados à morte se encontram em vários arquivos e que os investigadores para
nos darem um resultado aproximativo são obrigados a recolher dados desses
arquivos com um certo risco de contagem dupla e portanto de darem um número
maior de o que foi na realidade. Segundo Dmitrii Volkogonov, o chefe dos
anteriores arquivos soviéticos nomeado por Jeltsin, foram condenados à morte 30
514 pessoas por tribunais militares de 1 de Outubro de 1936 a 30 de Setembro de 1938. Uma outra
informação que agora existe vem da KGB. Segundo uma informação à imprensa em
Fevereiro de 1990 tinham 786 098 pessoas sido condenadas à morte por crimes contra
a revolução durante os 23 anos de 1930 até 1953. Desses condenados tinham,
segundo a KGB, 681 692 sido condenados em 1937-38. Não há possibilidade de
fazer um controle das informações que a KGB nos dá, mas esta última afirmação é
duvidosa. Seria muito estranho tantos condenados em dois anos. Será que a
actual KGB pró-capitalista nos dá uma informação correta da KGB pró-socialista?
Em todo o caso veio-se a verificar que as estatisticas que estão na base da
informação da KGB mostram que o número mencionado de condenados à morte durante
esses 23 anos se refere a criminosos de delito comum e contrarevolucionários e
não apenas a contrarevolucionários como a KGB pró-capitalista referiu na
informação à imprensa em Fevreiro de 1990. Dos arquivos tira-se também a
conclusão de que o número de criminosos condenados à morte era aproximadamente
igual para os de delito comum e os contra-revolucionários.
A conclusão a que podemos chegar é de que o número de condenados à morte
em 1937-38 foi de cerca de 100 mil e não de vários milhões como tem sido
apresentado na propaganda ocidental. É preciso também ter em conta que nem
todos os condenados à morte na União Soviética eram executados. Uma grande
parte passava a pena de prisão nos campos de trabalho. Também é importante
fazer uma diferença entre criminosos de delito comum e contrarevolucionários.
Muitos dos condenados à morte eram criminosos condenados por crimes violentos
como assassínio ou violação. Este tipo de crime era há sessenta anos penalizado
com sentença de morte numa grande parte dos países do mundo.
Pergunta
número 5
Qual
era em geral o tempo de prisão?
O tempo de prisão dos condenados é uma das questões em que os rumores da
propaganda ocidental têm sido dos piores. A descrição geral é de que estar
preso na União Soviética significava anos sem conta na prisão - quem para lá
entrava já não saía. Isto é completamente falso! A grande maioria dos presos no
tempo de Stáline, na realidade, foi condenada, no máximo, a 5 anos de prisão!
A estatistica de AHR dá-nos factos concrectos. Os criminosos de delito
comum na Federação russa em 1936 receberam as seguintes penas de prisão - até 5
anos, 82,4% - de 5 a 10 anos 17,6%. (10 anos - pena máxima de
prisão até 1937). Os criminosos politicos condenados na União Soviética em
tribunais civis em 1936 receberam as seguintes penas de prisão - até 5 anos,
44,2% - de 5 a 10 anos 50,7%. No que diz respeito aos
condenados nos campos de trabalho Gulag, onde as penas maiores eram cumpridas,
a estatistica de Janeiro de 1940 é a seguinte - até 5 anos, 56,8% - de 5 a 10 anos, 42,2% - mais de 10 anos, 1,0%.
Para o ano de 1939 temos estatísticas dos tribunais da União Soviética. A
distribuição das penas de prisão é a seguinte - até 5 anos, 95,9% - de 5 a 10 anos. 4,0% - mais de 10 anos, 0,1%. Como
vemos é a suposta infinidade do tempo de prisão na União Soviética, mais um
mito espalhado no ocidente para combater o socialismo.
As mentiras sobre a União Soviética
Uma breve discussão sobre os
relatórios dos investigadores
As investigações dos
históriadores russos revelam uma realidade totalmente diferente da que tem sido
ensinada nas escolas e universidades do mundo capitalista durante os últimos
cinquenta anos. Durante esses cinquenta anos de guerra fria têm várias gerações
aprendido só mentiras sobre a União Soviética e isto tem deixado marcas
profundas em muitas pessoas. Este facto constatado também se verifica nos
relatórios dos investigadores franceses e americanos. Nestes relatórios são-nos
dados números e tabelas de presos e mortos, discutindo-se esses números num
trabalho de grande amplitude. Mas o principal e mais importante, isto é, os
crimes praticados pelos presos, nunca é alvo de uma discussão séria! A
propaganda política dos capitalistas tem-se referido sempre aos presos na União
Soviética como sendo vítimas e os investigadores utilizam este termo sem pôr em
questão a sua veracidade. Quando os investigadores passam das colunas de
estatística aos comentários sobre os acontecimentos, vêm as concepções
burguesas à luz e o resultado é por vezes macabro. Os condenados no sistema correcional soviético são chamados vítimas,
mas o facto é que a maioria eram ladrões, assassinos, violadores, etc.
Criminosos deste calibre nunca seriam tratados como "víitimas" na
imprensa, se os crimes fossem cometidos na Europa ou nos EUA. Mas como os
crimes foram cometidos na União Soviética tudo é possivel. Chamar
"vítima" a um assassino ou violador que repete o crime é coisa muito
suja. Uma tomada de posição pela justiça soviética no que diz respeito aos
criminosos de delito comum condenados por crimes violentos deveria de ser
consequente, se não no tipo de pena pelo menos na questão da condenação do
crime.
Os koulaks e a
contra-revolução
No que diz respeito aos contra-revolucionários é também importante
discutir os crimes de que foram acusados. Discutamos dois exemplos para mostrar
o fundo da questão, em primeiro lugar os koulaks condenados no começo da década
de 1930 e depois os conjurados e contra-revolucionários condenados em 1936-38.
Segundo os relatórios publicados sobre os koulaks, os camponeses ricos, foram
381 mil familias ou seja cerca de 1,8 milhões de pessoas condenadas a exílio.
Uma pequena parte dessas pessoas foi condenada a penas nos campos de trabalho
ou em colónias de trabalho. Mas qual foi a causa da condenação desses koulaks?
O camponês rico russo, o koulak, sujeitou os camponeses pobres durante
centenas de anos a uma opressão sem limites e a uma exploração sem
considerações. Dos 120 milhões de camponeses em 1927, viviam 10 milhões de
koulaks na abundância e os restantes 110 milhões ainda na pobreza - antes da
revolução na mais completa das misérias. A riqueza dos koulaks vinha do
trabalho mal pago aos camponeses pobres. Quando os camponeses pobres se
começaram a juntar em colectivos agricolas desapareceu a principal fonte de
riqueza dos koulaks. Mas os koulaks não desistiram, tentando retomar a
exploração através da fome. Grupos de koulaks armados atacavam os colectivos
agrícolas, matavam camponeses pobres e funcionários do partido, deitavam fogo
aos campos e matavam os animais de trabalho. Provocando a fome entre os
camponeses pobres os koulaks tentavam garantir a continuação da pobreza e da
sua posição de poder. Os acontecimentos que se sucederam não foram o que os assassinos
tinham pensado. Desta vez os camponeses pobres foram apoiados pela revolução e
mostraram-se mais fortes do que os koulaks, os quais foram derrotados, presos e
condenados a exílio ou a penas em campos de trabalho.
Dos 10 milhões de koulaks foram 1,8 milhões condenados. Houve talvez
injustiças nesta enorme luta de classes nos campos soviéticos que contava com
120 milhões de pessoas. Mas poderemos acusar os pobres e os oprimidos, na sua
luta por uma vida que valha a pena viver, na sua luta para que os filhos não
viessem a ser analfabetos com fome, de não serem civilizados ou inclementes nos
seus juizos? Podem-se acusar os que durante centenas de anos nunca tiveram
acesso aos avanços da civilização de não serem civilizados? E digam-nos, quando
foi a classe exploradora dos koulaks civilizada ou clemente para com os
camponeses pobres durante anos e anos de exploração sem fim?
As depurações
de 1937
O nosso segundo exemplo, sobre os contra-revolucionários condenados nos
julgamentos de 1936-38 depois das depurações no partido, exército e no aparelho
estatal, tem raizes na história do movimento revolucionário na Rússia. Milhões
de pessoas participaram na luta vitoriosa contra o Czar e a burguesia russa,
vindo muitos deles a entrar para o Partido Comunista. Entre todas essas pessoas
havia infelizmente os que tinham entrado para o Partido por outras razões do
que para lutar pelo poder proletário e pelo socialismo. Mas a luta de classes
era tal que muitas vezes não havia tempo nem possibilidades para pôr à prova os
novos militantes. Até mesmo militantes de outros partidos que se diziam
socialistas e que tinham combatido o partido bolchevique foram aceites no Partido
Comunista. A uma parte desses novos militantes foram dados postos importantes
no partido bolchevique, estado e exército, tudo dependendo da sua capacidade
individual para conduzir a luta de classes.
Eram tempos muito dificeis para o jovem estado soviético e a grande falta
de quadros, ou simplesmente de pessoas que soubessem ler, obrigava o partido a
não fazer grandes exigências no que diz respeito à qualidade dos novos
militantes e quadros. De todos estes problemas formou-se com o tempo uma
contradição que dividiu o partido em dois campos - de um lado os que queriam ir
para a frente na luta pela sociedade socialista, por outro lado os que
consideravam que ainda não havia condições para realisar o socialismo e que
propunham uma politica social-democrática. A origem desta últimas ideias vinha
de Trotski, que tinha entrado para o Partido Comunista em Julho de 1917.
Trotski foi com o tempo obtendo apoio de alguns dos bolcheviques mais
conhecidos. Esta oposição unida contra os ideais bolchiques originais era uma
das opções na votação partidária sobre a politica a seguir pelo Partido, realizada
em 27 de Dezembro de 1927. Antes desta votação tinha havido uma grande
discussão partidária durantes vários anos e não houve dúvida quanto ao
resultado. Dos 725 000 votos a oposição só obteve 6.000 - ou seja, menos de 1%
dos militantes do Partido apoiaram a oposição unida.
Em consequencia da votação e uma vez que a oposição trabalhava por uma
política diferente da do Partido, o Comité Central do Partido Comunista decidiu
expulsar do partido os principais dirigentes da oposição unida. A pessoa
central da oposição, Trotski, foi expulsa da União Soviética. Mas a história da
oposição não acabou aqui. Zinoviev, Kamenev e Evdokimov fizeram pouco depois
autocrítica, assim como vários dos principais trotskistas como Pjatakov, Radek,
Preobrajenski e Smirnof. Todos esses foram novamente aceites como militantes do
partido e retomaram os seus trabalhos no Partido e no estado. Com o tempo
verificou-se que as autocríticas da oposicão não eram uma expressão verdadeira,
estando os principais oposicionistas unidos do lado da contra-revolução cada
vez que a luta de classes endurecia na União Soviética. A maioria desses
oposicionistas foi expulsa e readmitida mais umas duas vezes antes de se ter
formado a situação definitiva em 1937-38.
Sabotagem industrial
O assassinio de Kirov em Dezembro de 1934, o presidente do Partido em
Leninegrado e uma das pessoas mais importantes do Comité Central, veio a dar
origem à descoberta de uma organização secreta que preparava uma conspiração
para tomar posse da direcção do Partido e do governo do país através de um acto
violento. A luta politica que tinham perdido em 1927 queriam agora ganhá-la
através de violência organizada contra o estado. A organização tinha uma rede
de apoios no Partido, exército e aparelho estatal em todo o país, sendo as
actividades mais importantes sabotagem industrial, terrorismo e corrupção.
Trotski, o principal inspirador da oposição dirigia as actividades do
estrangeiro. A sabotagem industrial causava uma perda terrivel para o estado
soviético, com um custo económico enorme como por exemplo máquinas importadas
que se estragavam sem possivel reparação, e uma enorme baixa na productividade
nas minas e fábricas.
Uma das pessoas que em 1939 descreveu o problema foi o engenheiro
americano John Littlepage, um dos especialistas estrangeiros contractados para
trabalhar na União Soviética. Littlepage trabalhou 10 anos na industria mineira
soviética, entre 1927 e 1937, principalmente nas minas de ouro. No seu livro
"In search of Soviet gold" escreve, "eu nunca tive interesse pela subtilidade das manobras políticas
na Rússia enquanto as podia evitar; mas tive que estudar o que acontecia na
indústria Soviética para poder fazer um bom trabalho. E estou firmamente
convencido de que Stáline e os seus colaboradores levaram muito tempo até
descobrir que os comunistas revolucionários descontentes eram os seus inimigos
mais perigosos". Littlepage escreveu também que a sua própria
experiência confirmava as declarações oficiais de que uma conspiração conduzida
do exterior se utilizava de uma grande sabotagem industrial como uma parte de
um processo para fazer cair o governo. Já em 1931 Littlepage tinha sido
obrigado a constatar isso durante um trabalho nas minas de cobre e chumbo no
Ural e no Kasaquistão.
As minas eram uma parte do grande complexo de cobre-chumbo cujo chefe
máximo era Piatakov, o vice-comissário do povo para a indústria pesada. O
estado das minas era catastrófico, no que diz respeito à produção e ao bem-estar
dos trabalhadores. A conclusão de Littlepage foi de que havia uma sabotagem
organizada proveniente da direção superior do complexo de cobre-chumbo.
O livro de John Littlepage dá-nos também a conhecer de onde a oposição
trotskista recebia o dinheiro necessário para pagar a actividade contra-revolucionária.
Vários membros da oposição secreta utilizavam os seus postos na União Soviética
para aprovar a compra de máquinas de certas fábricas no estrangeiro. Os
produtos aprovados eram de uma qualidade muito baixa mas eram pagos pelo
governo soviético ao preço mais alto. As fábricas estrangeiras davam à
organização de Trotski no estrangeiro o ganho económico de tais transações, em
troca do qual Trotski e os seus conjurados na União Soviética continuavam a
fazer mais compras dessas fábricas.
Roubo e corrupção
Este procedimento foi constatado por Littlepage em Berlin na primavera de
1931 quando da compra de elevadores industriais para as minas. A delegação
soviética era chefiada por Pjatakov, sendo Littlepage o especialista
encarregado de verificar a qualidade dos elevadores e aprovar a compra.
Littlepage descobriu a fraude com os elevadores de má qualidade, inúteis para a
União Soviética, mas quando comunicou o facto a Pjatakov e aos outros membros
da delegação soviética foi recebido de uma maneira fria como se quisessem fugir
aos factos e continuando a exigir que ele aprovasse a compra dos elevadores.
Littlepage não aprovou. Na altura pensou que o que se passava era uma questão
de corrupção pessoal e que os membros da delegação recebiam subornos da fábrica
de elevadores. Mas depois de Pjatakov, no julgamento de 1937, ter confessado a
sua ligação à oposição trotsquista, Littlepage foi obrigado a constatar que o
que ele tinha observado em Berlim era muito mais do que corrupção a nível
pessoal. O dinheiro em causa era destinado ao pagamento das actividades da
oposição secreta na União Soviética, actividades essas que compreendiam
sabotagem, terrorismo, subornos e propaganda.
Zinoviev, Kaménev, Piatakov, Radek, Smirnof, Tomski, Boukharine e outros
tão queridos à imprensa ocidental burguesa, utilizavam-se dos postos que o povo
soviético e o Partido lhes tinha dado, para roubar dinheiro ao estado, para que
esse dinheiro fosse utilizado pelos inimigos do socialismo no estrangeiro, na
sabotagem e no combate à sociedade socialista na União Soviética.
Planos para golpe de estado
O tipo do crime no que diz respeito a roubo, sabotagem e corrupção é um
crime sério, mas as actividade da oposição iriam muito mais longe. A
conspiração contra-revolucionária preparava-se para tomar o poder com um golpe
de estado no qual toda a chefia soviética seria eliminada, começando pelo
assassínio das pessoas mais importantes do Comité Central do Partido Comunista.
A parte militar do golpe de estado seria realisada por um grupo de generais
encabeçado pelo marechal Toukhatchevski. Segundo Issak Deutsher, o trotskista
que escreveu muitos livros contra Stáline e a União Soviética, o golpe de
estado seria iniciado com uma operação militar contra o Kremlin e contra as
tropas mais importantes nas grandes cidades como Moscovo e Leninegrado. A
conspiração era, segundo Deutscher, chefiada por Toukhatchevski em conjunto com
Gamarnik, chefe dos comissários politicos do exército, o general Iakir,
comandante de Leninegrado, o general Ouborévitch, comandante da academia
militar de Moscovo e o general Primakov um dos chefes da cavalaria.
O marechal Toukhatchevski era um oficial do antigo exército czarista que
depois da revolução se tinha passado para o Exército Vermelho. Em 1930 cerca de
10% dos oficiais, ou seja cerca de 4500, eram antigos oficiais czaristas.
Muitos deles nunca tinham deixado as suas posições burguesas e esperavam na
calada um oportunidade para lutarem por elas. A oportunidade apareceu quando a
oposição se preparava para dar um golpe de estado. Os bolchviques eram fortes
mas as conspirações civil e militar também trataram de arranjar amigos fortes.
Segundo a confissão de Boukharine no julgamento publico em 1938, existia um
acordo feito entre a oposição trotskista e a Alemanha nazi, no qual grandes
regiões, entre elas a Ucrânia, seriam dadas à Alemanha nazi depois do golpe de
estado contra-revolucionário na União Soviética. Este era o pagamento exigido
pela Alemanha nazi pelo apoio prometido aos contra-revolucionários. Boukharine
tinha sido informado deste acordo por Radek que sobre a questão tinha recebido
uma directiva de Trotski. Todos estes conspiradores que tinham sido eleitos
para altas posições, para chefiar, administrar e defender a sociedade
socialista, trabalhavam na realidade para destruir o socialismo. Além do mais é
preciso não esquecer que tudo isto se passou no decénio de 1930 quando o perigo
nazista crescia sem parar e os exércitos nazistas punham a Europa a arder e
preparavam uma invasão da União Soviética. Os conspiradores foram condenados à
morte como traidores em julgamento público. Os culpados de sabotagem,
terrorismo, corrupção, tentativa de assassínio e que queriam dar uma parte do
país aos nazistas não podiam esperar outro fim. Chamar-lhes vítimas é um erro
total.
Mais números mentirosos
É intressante saber como a propaganda ocidental, através de Robert
Conquest, tem mentido sobre as depurações no Exército Vermelho. Conquest diz no
seu livro "O grande terror" que em 1937 havia 70.000 oficiais e
comissários politicos no Exército Vermelho e que 50% desses, ou seja 15.000
oficiais e 20.000 comissários, tinham sido presos pela polícia política e que
tinham sido executados ou aprisionados para o resto da vida nos campos de
trabalho. Nesta afirmação de Conquest, aliás como em todo o livro, não existe
nada de verdade. O historiador Roger Reese no seu trabalho "The Red Army
and the Great Purges" dá-nos factos e mostra o verdadeiro significado que
as depurações de 1937-38 tiveram para o exército.
O número de pessoas em posição de chefia no Exército Vermelho e na
aviação, ou seja oficiais e comissários politicos, era de 144.300 em 1937
crescendo para 282.300 até 1939. Durante as depurações de 1937-38 foram
despedidos 34.300 oficiais e comissários por motivos politicos, mas antes de Maio
de 1940 já 11.596 tinham sido reabilitados e reintegrados nos seus postos. Isto
significa que durante as depurações de 1937-38 foram despedidos 22.705 oficiais
e comissários politicos (cerca de 13.000 oficiais do exército, 4.700 da aviação
e 5.000 comissários politicos) o que é 7,7% de todos os oficiais e comissários
e não 50% como Conquest diz. Desses 7,7%, foi uma parte condenada como
traidores, mas para a grande maioria o material histórico à disposição indica
terem passado à vida civil.
Uma última pergunta. Os julgamentos de 1937-38 foram justos para com os
acusados? Vejamos por exemplo o julgamento de Boukharine, o funcionário mais
alto do partido que trabalhava para a oposição secreta. Segundo o embaixador
americano em Moscovo nessa altura, um conhecido advogado de nome Joseph Davies
que esteve no tribunal durante todo o julgamento, foi permitido a Boukharine
falar livremente durante todo o julgamento e expor o seu caso sem qualquer
empedimento. Joseph Davies escreveu para
Washington informando que durante o
julgamento se mostrou que os acusados eram culpados "dos crimes que se
comprovaram" e que "…a opinião geral entre os diplomatas que
assistiram ao processo é de que se provou a existência de uma conspiração muito
grave".
Aprendamos com a história!
A discussão do sistema correcional soviético durante o tempo de Stáline,
sobre o qual se têm escrito milhares de artigos e livros mentirosos e se têm
filmado centenas de filmes falsos, dá-nos conhecimentos importantes. Os factos
mostram-nos mais uma vez que as histórias sobre o socialismo publicadas na
imprensa burguesa são na sua maioria falsas. A direita através da imprensa,
radio e televisão que domina, pode confundir e distorcer a realidade e fazer
que grande quantidade de pessoas venham a considerar mentiras declaradas como
verdades. Isto é especialmente verdade no que se refere a questões históricas.
Novas histórias da direita devem portanto ser encaradas como falsas até que o
contrário seja demonstrado.
Esta atitude cautelosa tem razão de ser. O facto é que mesmo tendo
conhecimento dos relatórios russos a direita continua a reproduzir as mentiras
que ensina há mais de 50 anos e que já foram totalmente desmascaradas. A
direita segue a sua herança histórica: uma mentira repetida muitas vezes, acaba
por ser dada como verdade. Depois dos relatórios dos investigadores russos
terem sido publicados no ocidente, começaram a ser editados em vários países um
número de livros, com a única finalidade de dar ao esquecimento os relatórios
russos e fazer com que as velhas mentiras venham a público como verdades novas.
São livros com boa apresentação, de capa a capa só com mentiras sobre o
comunismo e o socialismo.
As
mentiras da direita são repetidas para combater os comunistas de hoje! São feitas para que os
trabalhadores não encontrem uma alternativa ao capitalismo e ao neoliberalismo.
São uma parte da guerra suja contra os comunistas que têm uma alternativa para
o futuro, a sociedade socialista. Essa é a causa dos livros novos com mentiras
velhas.
Tudo isto impõe obrigações a todos os que têm uma visão socialista da
história. Cabe a nós tomar a responsabilidade de trabalhar para fazer dos
jornais comunistas, autenticos jornais das classes trabalhadoras para dar
combate às mentiras da burguesia! Esta é sem dúvida uma missão importante na
luta de classes de hoje que num futuro próximo se desenvolverá com novas
forças.
Mário Sousa
15/6/1998
mario.sousa@telia.com
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